30/10/2015 às 19h00min - Atualizada em 30/10/2015 às 19h00min

Comando naval diz aos EUA que mínimo incidente pode provocar guerra no Mar da China

CORREIO DO BRASIL
Destróier norte-americano USS Lassen visto no Oceano Pacífico

Pequeno incidente pode deflagrar uma guerra no mar do Sul da China, disse o comandante naval chinês, se os Estados Unidos não pararem com os seus “atos provocativos” nesse corredor marítimo, alvo de disputas de vários países, informou a Marinha chinesa nesta sexta-feira.

O almirante Wu Shengli fez os comentários ao chefe de operações navais dos EUA, almirante John Richardson, durante uma videoconferência na quinta-feira, de acordo com um comunicado naval chinês.

Os dois oficiais conversaram depois que um navio de guerra norte-americano navegou a menos de 12 milhas náuticas de uma das ilhas artificiais feitas pela China no contestado arquipélago Spratly, na terça-feira.

A China censurou os EUA pelo patrulhamento, o desafio mais significativo dos norte-americanos aos limites territoriais reivindicados pela China em torno de suas sete ilhas artificiais, em uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.

– Se os Estados Unidos continuarem com esse tipo de ato perigoso, provocativo, isso poderia muito bem ser uma situação de séria pressão entre forças da linha de frente de ambos os lados no mar e no ar, ou mesmo um pequeno incidente que deflagre uma guerra – disse Wu, de acordo com o comunicado.

– Espero que o lado dos EUA valorize a boa situação entre as marinhas da China e dos Estados Unidos, que não emergiu facilmente, e evite que esse tipo de incidente volte a acontecer – disse Wu.

Falando mais cedo, uma autoridade dos EUA disse que os comandantes navais concordaram em manter o diálogo e seguir os protocolos para evitar confrontos.

As visitas de navios chineses e norte-americanos a portos e as viagens de altos oficiais da Marinha dos EUA à China permanecem na agenda, disse o funcionário. “Nada disso está em perigo. Nada foi cancelado”, afirmou.

Disputa marítima

Um tribunal arbitral na Holanda afirmou na quinta-feira que tem competência para analisar algumas reivindicações territoriais que as Filipinas têm feito contra a China sobre áreas disputadas no mar do Sul.

Em uma derrota jurídica para os chineses, o tribunal com sede em Haia rejeitou a alegação da China de que a disputa era sobre sua soberania territorial e disse que audiências adicionais serão realizadas para decidir o mérito dos argumentos das Filipinas.

A China boicotou o processo e rejeita a autoridade do tribunal no caso. Pequim diz ter soberania sobre quase todo o mar do Sul da China, descartando reivindicações de partes dele de Vietnã, Filipinas, Taiwan, Malásia e Brunei.

O tribunal decidiu que tem autoridade para ouvir sete das reivindicações das Filipinas no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e a decisão da China de não participar “não impede o tribunal da jurisdição”.

O especialista sobre o mar do Sul da China, Bonnie Glaser, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, chamou o resultado de “um grande golpe para a China, dado que o parecer rejeita explicitamente os argumentos da China de que… as Filipinas não têm feito o suficiente para negociar as questões com a China.”

O tribunal afirmou que poderá ouvir os argumentos, incluindo um de que vários recifes e bancos de areia do mar do Sul da China não eram importantes o suficiente para fundamentar reivindicações territoriais.

A China tem construído ilhas artificiais em recifes no mar e reivindicado o controle sobre as águas dentro de um raio de 19 quilômetros.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »