26/11/2015 às 09h00min - Atualizada em 26/11/2015 às 09h00min

Papa inicia viagem a países da África

CORREIO DO BRASIL

O papa Francisco iniciou nesta quarta-feira a sua primeira viagem ao Continente Africano, ao qual pretende levar uma mensagem de paz, justiça social e diálogo entre o islã e o cristianismo.

Até o dia 30 deste mês, ele visitará o Quênia, Uganda e a República Centro-Africana, três países onde as comunidades cristãs estão na defensiva diante dos movimentos jihadistas, como as milícias shebab somalis (principalmente após o massacre no Quênia de 150 estudantes na Universidade de Garissa, em abril do ano passado) ou o Boko Haram.

Em Nairobi, capital do Quênia e primeiro destino da viagem, o papa vai discursar na sede do Programa da Organização das Nações Unidas para o Ambiente e da ONU-Habitat, uma visita muito esperada que ocorre alguns dias antes do início da conferência sobre alterações climáticas em Paris (COP21).

Em Uganda, no Santuário de Namugongo, Francissco celebrará missa comemorativa dos primeiros santos africanos, 22 jovens mártires cristãos, como Charles Lwanga, queimados vivos no fim do século 19 por ordem do rei Mwanga, de quem eram pajens e se recusaram ser escravos sexuais.

No próximo domingo, será aberta a “porta santa” na Catedral de Bangui, capital da República Centro-Africana, onde têm sido registrados episódios de violência entre milícias muçulmanas e cristãs. O evento é  visto como uma antecipação simbólica da abertura oficial, em Roma, do Jubileu da Misericórdia (ano santo da misericórdia).

Antes do início da viagem ao Continente Africano – na qual estão previstas reuniões com pobres, jovens, cristãos e também com muçulmanos – o papa Francisco pediu que a paz e a prosperidade se tornem estáveis na África.

– Vou com alegria para o Quênia, Uganda e os irmãos da República Centro-Africana – disse ele a repórteres a bordo de seu voo para Nairóbi. “Vamos esperar que esta viagem traga melhores frutos, tanto espirituais como materiais.”

Milhões de cristãos, católicos e de outras denominações, são esperados para as celebrações públicas, o que representa um desafio para as forças de segurança nacionais na proteção do pontífice e das enormes multidões.

Nos últimos dois anos o Quênia tem sido alvo de uma série de ataques do grupo islamista somali Al Shabaab, que matou centenas de pessoas. Em 2013, a invasão de homens armados do Al Shabaab em um shopping center de Nairóbi causou a morte de 67 pessoas.

Potencialmente, a parada mais perigosa pode ser a terceira etapa da viagem, a República Centro-Africana. Dezenas de pessoas foram mortas no país desde setembro, em atos de violência entre rebeldes Seleka, na maioria muçulmanos, e milícias anti-Balaka, cristãs.

Perguntado se estava nervoso com a viagem, o papa desconsiderou as preocupações sobre a visita com uma piada: “Para dizer a verdade, a única coisa que me preocupa são os mosquitos. Você trouxe o seu spray?”.

A Igreja Católica da África está crescendo rapidamente. Havia um número estimado de 200 milhões de adeptos em 2012, mas a previsão é que alcance meio bilhão em 2050. Cerca de 30 %  dos 45 milhões de quenianos são católicos por batismo, incluindo o presidente Uhuru Kenyatta.


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