Presidente de facto, Michel Temer teria recebido R$ 20 milhões em dinheiro sujo, pagos por Henrique Constantino, um dos donos da Gol Linhas Aéreas. O repasse teria ocorrido em troca de apoio ao projeto de abertura do setor aéreo ao capital estrangeiro.
A acusação consta da delação premiada do doleiro Lúcio Funaro ao Supremo Tribunal Federal (STF). Parte dos recursos, segundo trechos da confissão, vazados para a mídia conservadora, fora pago em horas de voo na campanha eleitoral de 2014.
Propina aérea
No ano passado, durante o golpe jurídico-midiático-parlamentar que conduziu Temer ao governo, a Câmara aprovou medida provisória que permitia 100% do controle acionário de empresas aéreas brasileiras pelo capital externo. Sem este artifício legal, Constantino não teria conseguido negociar as ações de sua companhia.
A proposta chegou à Câmara em forma de medida provisória editada pela então presidente Dilma Rousseff. A MP previa aumento de 20% para 49% da participação do capital externo no controle acionário das companhias aéreas brasileiras. Em junho do ano passado, de forma surpreendente, a base governista de Temer, naquele momento já no exercício da Presidência, eliminou todas as restrições ao capital externo.
A proposta atendia a um pedido das grandes empresas do setor. As empresas brasileiras estavam, e algumas ainda seguem na expectativa da entrada do capital estrangeiro para reforçar seus orçamentos. A Gol era uma das empresas que lideravam o movimento.
Nova denúncia
As novas revelações do operador de propinas do PMDB deverão ser incluídas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na segunda denúncia que apresentará ao STF contra Michel Temer. Ele é acusado de liderar a organização criminosa da qual fazem parte outros integrantes da cúpula do partido.
Além de Temer, Janot estuda uma nova denúncia. Desta vez, contra ele e seus assessores diretos, por organização criminosa, formada por um núcleo do PMDB da Câmara.