30/08/2015 às 09h24min - Atualizada em 30/08/2015 às 09h24min

Escritor Oliver Sacks, de 'Tempo de Despertar', morre de câncer

Ele havia anunciado em fevereiro que estava em fase terminal. Relato autobiográfico inspirou filme indicado ao Oscar.

G1
Professor de neurologia da Universidade de Columbia, Oliver Sacks, em foto de arquivo (Foto: Luigi Novi/Wikicommons)

O neurologista e escritor britânico Oliver Sacks, de 82 anos, morreu neste domingo (30) vítima de câncer, segundo o  jornal "The New York Times". O autor de livros de sucesso 'Tempo de Despertar' e 'O homem que confundiu sua mulher com um chapéu' morreu em sua casa em Nova York.

No livro "Tempo de Despertar", escrito em de 1973, ele faz um relato autobiográfico em que conta sua experiência com pacientes que sofrem de uma condição chamada encefalite letárgica e como saíram, pelo menos brevemente, de seus estados catatônicos com a ajuda de um remédio.

A história foi adaptada em um filme homônimo em 1990, protagonizado por Robin Williams e Robert De Niro e que teve três indicações ao Oscar.

Artigo no jornal
O cientista revelou que estava em fase terminal em um emotivo e equilibrado artigo publicado na seção de opinião do jornal "The New York Times" em fevereiro desse ano.

"Há um mês pensava que estava bem de saúde, inclusive muito bem", escreveu. "Mas a minha sorte acabou. Umas semanas atrás soube que tenho várias metástases no fígado".

No texto, contou que havia sido diagnosticado e tratado há nove anos por um raro melanoma que o deixou cego de um dos olhos, mas que recentemente tornou-se parte do "desafortunado 2%" dos pacientes nos quais esse tipo particular de câncer se expande.

"Sinto-me grato por ter tido nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou de cara com a morte. Depende de mim escolher como quero viver os meses que me restam. Tenho que viver da maneira mais rica, profunda e produtiva que puder"
Oliver Sacks

"Sinto-me grato por ter tido nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou de cara com a morte", escreveu.

"Agora depende de mim escolher como quero viver os meses que me restam. Tenho que viver da maneira mais rica, profunda e produtiva que puder".

Este ano, o "New York Times" descreveu Sacks como "o aclamado poeta da medicina moderna". Seus livros foram traduzidos para 25 idiomas.

Em "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu", Sacks contou histórias de casos de várias condições neurológicas raras. Em outros livros explorou a surdez, o daltonismo e as alucinações.

"Escrevi, viajei, pensei e escrevi. Eu me vinculei com o especial mundo dos leitores e dos escritores", escreveu em seu ensaio.

Também disse que havia publicado cinco livros desde que completou 65 anos e que terminou uma autobiografia que será publicada nesta primavera.

"Tenho outros livros quase terminados", adiantou no texto disponível no site do "NYT".

Também disse que, durante o tempo que ficar na Terra, não verá notícias nem prestará mais atenção nas polêmicas politícas ou no calendário climático.

"Isto não é indiferença, mas desapego. O Oriente Médio continua importando muito para mim, o aquecimento, a crescente desigualdades, mas estes já não são mais meus problemas. Pertencem ao futuro".


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