31/08/2015 às 16h09min - Atualizada em 31/08/2015 às 16h09min

Dólar bate R$ 3,68 com expectativa do Orçamento

Proposta de Orçamento de 2016 será enviada pelo governo nesta segunda-feira e traz projeção de déficit primário

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Dólar renovava as máximas em mais de 12 anos / REUTERS/Ricardo Moraes Dólar renovava as máximas em mais de 12 anos REUTERS/Ricardo Moraes

O dólar saltava 2% frente ao real e renovava as máximas em mais de 12 anos nesta segunda-feira, pressionado por preocupações com a situação fiscal do Brasil e temores de que o país possa perder seu selo de bom pagador, mesmo após o Banco Central (BC) reforçar sua intervenção no câmbio. Na máxima da sessão, devido à expectativa sobre o Orçamento de 2016, subiu a R$ 3,68, o maior nível desde 14 de fevereiro de 2003, quando foi a R$ 3,67. 

Os movimentos locais também vinham em linha com os mercados externos, que sofriam o efeito de novo tombo da bolsa chinesa, acentuados também pela briga pela formação da Ptax de agosto. A taxa, calculada pelo Banco Central, serve de referência para diversos contratos cambiais e operadores costumam disputar para deslocá-la a patamares mais favoráveis a suas operações.

"Não há nada de animador, nada de boas notícias", disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca. "Desde que me entendo por gente, este está sendo um dos piores momentos para o mercado financeiro".

A imprensa noticiou que a proposta de Orçamento de 2016 que será enviada pelo governo ao Congresso nesta segunda-feira trará projeção de déficit primário para o ano que vem. Investidores entenderam que essa decisão deixaria o Brasil mais próximo de perder seu grau de investimento, o que provocaria intensa fuga de capitais dos mercados locais.

A apreensão com o cenário local somou-se à pressão vinda dos mercados externos, onde o dólar fortalecia em relação às principais moedas emergentes diante de preocupações com a desaceleração da economia chinesa, e levava a moeda norte-americana a saltar em relação ao real mesmo diante da intervenção do Banco Central.

Após o fechamento dos negócios na sexta-feira, o Banco Central anunciou para esta sessão leilão de venda de até R$ 2,4 bilhões com compromisso de recompra em 4 de novembro de 2015 e 2 de dezembro de 2015. Além disso, sinalizou que deve rolar integralmente os swaps cambiais, contratos equivalentes a venda futura de dólares, que vencem em outubro.

"O BC não consegue estancar a alta do dólar e nem quer. Ele quer deixar claro que está ali para fornecer liquidez, mas o problema agora não é de liquidez, é de fundamentos", disse o superintendente de derivativos de um importante banco nacional.

 


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