Na missa final do Sínodo dos Bispos sobre a futura orientação da Igreja Católica em relação à família, neste domingo em Roma, o papa Francisco conclamou os bispos participantes a continuar no caminho iniciado. “Sigamos juntos o caminho desejado pelo Senhor. Vamos lhe pedir uma visão sadia e redimida, que saiba espalhar a luz.”
Durante sua homilia, o Papa advertiu de um isolamento da Igreja Católica. Jesus Cristo, afirmou o pontífice, “deseja conversar com todos sobre a real situação de vida, sem deixar de fora nada.” O líder da Igreja Católica disse que “para Deus”, miséria e conflitos seriam “oportunidades para a misericórdia” e que os fiéis corriam, no entanto, o perigo de excluir aqueles que lhes seriam “incômodos”.
Em contrapartida, o desejo de Jesus é integrar todas as pessoas, especialmente os marginalizados, proferiu Francisco. “Uma fé que não sabe se enraizar na vida das pessoas permanece erma e, em vez de criar oásis, provoca mais deserto”, advertiu o Papa.
Aos bispos que participaram do Sínodo da Família, o Papa falou ainda que o “primeiro dever” da Igreja Católica é “proclamar a misericórdia de Deus” e não “distribuir condenações e excomunhões”.
A missa solene neste domingo em Roma marca o fim do Sínodo de três semanas que discutiu temas relativos à família no Vaticano.
Relação a homossexuais
No documento final do Sínodo, os bispos concordaram numa maior integração para divorciados católicos que se casarem novamente, mas rejeitaram a adoção de uma linguagem mais acolhedora sobre homossexuais.
De acordo com o documento, os “batizados que se divorciaram e voltaram a casar devem ser mais integrados nas comunidades cristãs, nas diferentes maneiras possíveis” e cita um chamado “foro interno”, em que sacerdotes ou bispos podem decidir se católicos divorciados e novamente casados podem ser totalmente reintegrados à Igreja.
Já em relação aos homossexuais, a Igreja manteve sua postura conservadora. O documento reafirmou que gays não devem sofrer discriminação na sociedade, mas também repetiu a posição de que “não há qualquer fundamento” para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e esse não deve ser comparado a uniões heterossexuais.
– Cada pessoa, independentemente da sua própria tendência sexual, tem de ser respeitada na sua dignidade e ser acolhida com respeito, para evitar qualquer sinal de injusta discriminação – assinala o documento.
O presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), Alois Glück, avaliou positivamente o Sínodo. Em declaração, Glück afirmou que o Sínodo não mudou a Igreja Católica, mas na difícil questão de autorizar a comunhão aos católicos que se casarem novamente, o documento final mostrou um caminho que pode vir a permitir aos divorciados novamente casados a plena participação nos sacramentos. O ZdK representa os leigos na Igreja Católica na Alemanha.