Tiros foram ouvidos nesta sexta-feira nos proximidades das cidades de Silopi e Cizre, na Turquia, disseram testemunhas, enquanto a mídia estatal relatou que forças de segurança mataram 54 militantes curdos em três dias de conflitos em áreas urbanas.
Os números indicaram que dobraram os mortos nas últimas 24 horas, após o presidente Tayyip Erdogan dizer na quinta-feira que membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) seriam “aniquilados”.
Um cessar-fogo de dois anos entre o PKK e Ancara fracassou em julho, dando forças ao conflito que já deixou mais de 40 mil mortos.
A agência estatal Anadolu relatou que forças da segurança estavam “perseguindo” militantes nas cidades, próximas à fronteira da Síria e Iraque, que foram colocadas sob toque de recolher na segunda-feira, antes de uma operação que, segundo a mídia, envolveu 10 mil policiais e militares.
Conversas de paz entre o líder preso do PKK, Abdullah Ocalan, e o governo foram suspensas no início deste ano. O PKK é classificado como grupo terrorista pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia.
Israel e Turquia
Israel e Turquia chegaram a um acordo preliminar para normalizar as relações, incluindo o retorno de embaixadores para os dois países, disse uma autoridade israelense na quinta-feira.
O acordo foi firmado durante uma reunião recente na Suíça entre o novo chefe do Mossad, agência de inteligência israelense, Yossi Cohen, o enviado israelense Joseph Ciechanover e o subsecretário do Ministério do Exterior turco, Feridun Sinirlioglu, afirmou a autoridade sob condição de anonimato.
Um porta-voz do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não quis comentar. Uma autoridade turca confirmou que as conversas ocorreram, mas negou que qualquer acordo tenha sido alcançado, acrescentando que os esforços para normalizar as relações bilaterais continuam.
Sob o acordo preliminar, Israel vai estabelecer um fundo compensatório relacionado às mortes por fuzileiros israelenses de 10 turcos a bordo de um barco ativista pró-palestinos que tentou furar o bloqueio de Israel na Faixa de Gaza em 2010, disse a autoridade. A Turquia então retiraria todas as queixas contra Israel.
A antes forte aliança entre os dois países azedou drasticamente durante o governo do líder turco Tayyip Erdogan, que comanda o partido de raízes islâmicas AK, chegando a um ponto de baixa com o ataque ao barco ativista.
Esforços para reconciliar os países, incluindo um telefonema em 2013 entre Erdogan e Netanyahu, mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ainda têm de produzir um resultado final para restabelecer relações diplomáticas plenas.
Ajuda da Otan
A Otan planeja enviar apoio de defesa aérea para a Turquia, em parte para minimizar o risco de militares do país derrubarem outro avião de guerra russo e, ao mesmo tempo, mitigar a preocupação turca de um transbordamento do conflito na Síria, disseram altas fontes da aliança militar ocidental.
A missão, que deve ser aprovada pelo conselho da aliança de defesa ocidental nesta sexta-feira, está sendo preparada há dez meses, muito antes do incidente com a Rússia, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que não há conexão com o abate do avião.
Mas fontes da Otan afirmam que a derrubada do bombardeiro deu impulso aos aliados para se prontificarem a dar mais apoio e assistência para reduzir a tensão entre a Rússia e a Turquia, assumindo um papel na gestão do espaço aéreo turco.
– As normas de engajamento da Otan são mais cautelosas do que as da Turquia – disse uma fonte.
Embora a aliança liderada pelos Estados Unidos tenha apoiado publicamente a Turquia após seus caças derrubarem um bombardeiro russo que entrou em seu espaço aéreo, vindo da Síria, em 24 de novembro, no primeiro incidente do tipo desde a Guerra Fria, em privado vários aliados alarmados pediram moderação.
Um funcionário turco em Ancara disse que a Turquia e a Otan estavam procurando desenvolver um sistema pelo qual poderiam ser evitados problemas no espaço aéreo turco e da Otan, mas ainda era muito cedo para compartilhar detalhes.
Stoltenberg declarou que o fortalecimento das defesas aéreas da Turquia, que há muito manifestou preocupação com a guerra civil violenta perto da sua fronteira, é um compromisso definido bem antes da derrubada do avião russo.
O pacote, previsto para ser aprovado sem debate, inclui aeronaves de interceptação, aviões com Sistema Aéreo de Alerta e Controle (Awacs) e uma unidade marítima com navios de comando e fragatas com mísseis antiaéreos e antinavio.
A operação teráa dupla função de defender a Turquia e contribuir simultaneamente para uma campanha liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico no Iraque e Síria. Mas a presença da Otan também poderá servir como uma leve contenção à Turquia.