Ao rastrear as contas do pecuarista sul-mato-grossense José Carlos Bumlai, suspeito de participar de esquema de propina na Petrobras, o juiz federal Sérgio Moro encontrou apenas um centavo em uma delas. A informação consta na planilha com resultados do rastreamento realizado pelo Banco Central.
Das três contas rastreadas pela Justiça, além da que havia apenas um centavo, o juiz Moro encontrou R$ 1.876,54 em outra e R$ 2.550,99 na terceira. O resultado foi classificado como “pífio”.
O suposto esvaziamento das contas é um dos motivos pelos quais o pecuarista continua preso. Um pedido de liberdade feito pela defesa foi negado nesta sexta-feira (18).
"O resultado pífio do bloqueio da conta do acusado, de suas empresas e de associados sugere ação ordenada para esvaziar as contas e frustrar a pretensão de recuperação do produto do crime", escreveu Moro.
CASO
O pecuarista, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, admitiu que fez um empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin, em 2004, para repassar o dinheiro aos diretórios do PT em Campinas e em Santo André.
Moro argumenta que há indícios do seu envolvimento em outros fatos criminosos.
Ele cita como exemplo as transferências de R$ 2 milhões das empresas de Bumlai à consultoria de Adir Assad (condenado na Lava Jato por lavagem de dinheiro) e os empréstimos "aparentemente injustificados" recebidos pelo empresário do BNDES.
Também estão na lista a realização de saques "não usuais", segundo Moro, de R$ 1,6 milhão em espécie, e a suspeita de tráfico de influência de Bumlai em favor da OSX -conforme relato do lobista Fernando Soares, o Baiano, em sua delação.
"Vários desses fatos demandam investigação aprofundada", escreve Moro. "Entretanto, eles indicam que o envolvimento do acusado em atividades criminais é muito mais amplo do que o aludido episódio do empréstimo."