O Rio Figueirão nasce na cabeceira do Roncador, além da Serra das Araras. Recebe o nome de Roncador até a sua descida na serra, formando pequenas quedas d`água. Deságua no Rio Jauru, percorrendo uma distância de aproximadamente 100 quilômetros.
Ganhou este nome devido a uma enorme figueira que havia em sua margem direita, no Vau da Jesuína, na fazenda Monte Alto a quatro quilômetros da cidade de Figueirão.
No início do século XX, a gigantesca figueira ainda existia, vindo a óbito talvez pela ação destruidora do ser humano que utilizava de sua sombra acolhedora para descansar das longas viagens a Campo Grande, de carros de boi ou a cavalo.
Ali, descangavam os bois, armavam a "mariquinha" e faziam a "boia", serviam-se da água cristalina e saborosa, se deitavam nas redes e contemplavam o céu todo azulado com estrelas cintilantes e a lua cor de prata. O pensamento chegava primeiro em seus lares e os servia um jantar saboroso e quentinho, o carinho e alegria da "fiarada" e o calor dos braços da mulher querida.
A saudade e o cansaço traziam o sono, e logo adormeciam ouvindo o sussurrar das águas do Figueirão, as "rabanadas" dos dourados e o barulho dos animais selvagens e noturnos.
Hoje, o rio Figueirão dá pena em vê-lo. Como pode um dos principais rios formadores da Bacia do Taquari chegar a uma situação desta? Agonizando e afogado na areia, desce depressa para pedir socorro ao Oceano Atlântico, talvez sua única esperança. Já perdeu suas matas ciliares, seus barrancos, sua fauna e sua flora.
Que crime cometeu este histórico rio que originou o nome da minha romântica cidade natal, Figueirão? Há anos o rio mutilado aguarda na fila, à espera de políticos e ambientalistas "piedosos" do Centro-Oeste, que façam algo para recuperar esta importante nascente tão necessário à Bacia do Taquari e ao mundo.
Por Admar de Araújo, historiador figueirãoense.
Foto Barrinha.
