06/09/2017 às 08h27min - Atualizada em 06/09/2017 às 08h27min

Países têm divergências sobre possível confronto com a Coreia do Norte

E com a suposta bomba de hidrogênio testada no domingo, a Coréia do Norte teria experimentado pela sexta vez uma bomba nuclear, em 11 anos

CORREIO DO BRASIL
O líder norte-coreano Kim Jong Un realizou este ano 14 testes de lançamento de mísseis balísticos e há uma semana um deles invadiu o espaço aéreo do Japão antes de cair no mar

A escalada de tensões entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos começa a expor diferenças na condução da resolução do conflito. Declarações de dirigentes e representantes de países mostram um posicionamento pro-diplomacia e outro mais severo com mais pressões e sanções.

Entre os que defendem a pressão, os aliados Coreia do Sul, Estados Unidos e o Japão. Perante a Organização das Nações Unidas (ONU), a representante dos EUA; embaixadora Nikki Haley, pediu novas sanções e disse que a paciência dos Estados Unidos não é “ilimitada”; ao mencionar que o país não descarta uma ameaça militar.

Nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel; disse que o mundo está diante de uma grande ameaça; e que se a Coreia do Norte prevalecer, outros países também vão começar a adquirir armas nucleares.

– Não podemos deixar que se crie um precedente. Por isso, precisamos urgentemente aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte; para tentar negociar depois a fim de desarmar o país – disse em Berlim, Alemanha.

Até agora, a pressão do Conselho de Segurança das Nações Unidas não fez com que o líder norte-coreano Kim Jong Un retrocedesse. Ao contrário, este ano ele realizou 14 testes de lançamento de mísseis balísticos; e há uma semana um deles invadiu o espaço aéreo do Japão antes de cair no mar.

E com a suposta bomba de hidrogênio testada no domingo, a Coréia do Norte teria experimentado pela sexta vez uma bomba nuclear, em 11 anos.

Mais ameaças

Com o pedido de mais sanções na ONU, o governo norte-coreano voltou a fazer ameaças. O embaixador do país na representação das Nações Unidas em Genebra, Han Tae Song; disse que o teste com a suposta bomba de hidrogênio no domingo foi bem sucedido, mas “foi só uma amostra”.

– As medidas recentes do meu país são um pacote de presente endereçado aos Estados Unidos; por causa das provocações imprudentes e tentativas inúteis de exercer pressão sobre a Coreia do Norte – afirmou Han Tae durante um encontro sobre desarmamento.

O chanceler da França, Jean-Yves Le Drian, disse, em Paris; que os países integrantes do Conselho de Segurança acreditam que a Coreia do Norte ainda não consiga lançar um míssil que alcance a Europa; e os Estados Unidos. “Mas eles já podem atingir os vizinhos, o Japão, a China…”, afirmou.

Ele disse, entretanto, que a Coreia do Norte poderia conseguir lançar uma bomba nuclear para atingir a Europa em poucos meses. O ministro frisou que, embora a França tenha votado a favor das sanções contra a Coreia do Norte há um mês; é preciso encontrar um caminho para as negociações.

Já o presidente da Rússia Vladmir Putin também afirmou, em um artigo publicado no site do Kremilin; que pressionar “Pyongang é um erro!”. Ele defendeu o diálogo para a resolução do conflito.

Rússia e China

Assim, a Rússia se aproxima do posicionamento da China, que reiteradas vezes defendeu a negociação pela via diplomática como a única via possível para a resolver o problema.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse que para solucionar o conflito “a força militar nunca é uma opção e que as sanções por si só não oferecem uma saída”.

Ele afirmou que a China defende que sejam retomadas as negociações e espera que todas as partes evitem uma escalada da tensão.

Pior que Irã

O alerta sobre a real ameaça representada pela Coreia do Norte foi lançada segunda-feira pelo diretor da Agência Internacional de Energia Atômica Nuclear, Yokiya Amano.

Ele afirmou que o país representa uma ameaça global e disse que a Coreia se comporta de maneira diferente e mais “difícil” que o Irã, por exemplo.

– A situação na Coreia do Norte é muito pior (do que no Irã). Nós pensamos que esta é uma ameaça global. No passado, muitas pessoas acreditavam que essa era uma ameaça regional no noroeste do Pacífico ou nordeste da Ásia. Mas é claro que agora é uma ameaça global – disse o diretor da agência. Amano comparou os dois países e argumentou porque o problema da Coreia é pior.

– Eles se retiraram do Tratado de Não Proliferação de armas nucleares, expulsaram todos os inspetores da agência do país, estão desenvolvendo armas nucleares, mantêm testes de lançamento de mísseis e ameaçaram países – explicou.

A seguir, ponderou que o país fez tudo isso apesar da existência de resoluções do Conselho de Segurança.  “Tudo o que estão fazendo é contra as regras. Isso deve ser corrigido, mas sem mudar a abordagem, talvez seja difícil”, finalizou.


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