05/10/2017 às 08h51min - Atualizada em 05/10/2017 às 08h51min

PT estuda medidas legais para garantir a candidatura de Lula

Medidas liminares em série garantiriam a presença de Lula na cédula eleitoral do ano que vem, dizem líderes do PT.

CORREIO DO BRASIL
Lula lidera em todos os cenários eleitorais e o PT melhora sua imagem

Com a consolidação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como líder das pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2018, o PT já fala em insistir na candidatura do petista mesmo que ele seja condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e fique inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

— Acreditamos que o presidente Lula é inocente; que esse processo não tem provas e que ele não será condenado. Mas, se isso ocorrer, vamos disputar inclusive na Justiça Eleitoral para o Lula ser candidato — afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP).

Condenados

O primeiro-vice-líder da sigla na Casa, o deputado Ságuas Moraes (MT), compartilha da mesma certeza.

— O plano B é o Lula, o plano C é o Lula. A militância tem discutido e defendido em reuniões que essa é a única alternativa viável — disse.

O PT pretende recorrer à Justiça Eleitoral, Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF). Deverá interpor sucessivas liminares que permitam a candidatura; como já ocorreu com outros políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa.

— Quantos prefeitos você já viu concorrerem condenados? — perguntou aos jornalistas um dos líderes da legenda.

Inelegível

Uma vez eleito, o PT aposta que dificilmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassaria o mandato de Lula. Da mesma forma que não cassou a chapa Dilma/Temer – e “respeitaria a vontade das urnas”.

O ex-presidente Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a 9 anos e meio de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula recorreu da decisão ao TRF-4. Se os desembargadores que avaliam o recurso confirmarem a sentença, o petista pode se tornar ficha suja pela condenação por órgão colegiado e ficar inelegível. 

PT mais leve

Outro dado que tem animado os petistas a prever um resultado positivo nas urnas, ano que vem, se houver eleições, está nos detalhes da última pesquisa do Instituto Datafolha. Segundo o estudo, existe uma tendência de recuperação da imagem do PT. De acordo com as tabelas completas divulgadas na véspera, o partido é mencionado como o preferido por 19% dos brasileiros. Trata-se de taxa idêntica àquela que a legenda alcançou em 2014. O resultado, nas urnas, foi a reeleição da presidenta cassada Dilma Rousseff.

Trata-se da terceira pesquisa seguida do Datafolha que registra alta da preferência pelo PT. Em abril, a taxa foi de 15%. Em junho, 18%. PMDB e PSDB aparecem bem atrás do PT, tecnicamente empatados com 5% e 4%, respectivamente. Apenas outras duas legendas pontuam nesse estudo: PSB e Psol, cada uma com 1%.

De acordo com o instituto, o PT ocupa a liderança na preferência dos eleitores, desde o fim dos anos 90. Na época fazia oposição ao governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. Ao longo de décadas, obteve taxa acima de 20%.

A queda mais acentuada ocorreu no início de 2015, no início do segundo mandato de Dilma. Em março daquele ano, o PT chegou ao seu pior momento. Marcou 9% e ficou tecnicamente empatado com os 6% do PSDB – o melhor resultado histórico dos tucanos. O declínio aconteceu logo após a primeira grande manifestação contra a presidenta.

Preferência nacional

Na série histórica iniciada em 1989, o melhor momento do PT foi em abril de 2012, quando foi citado como preferido por 31%. Na pesquisa realizada em 27 e 28 de setembro com 2.772 entrevistas, os melhores desempenhos do PT foram registrados na região Nordeste, onde é, disparado, o preferido por 29%; entre os eleitores com ensino fundamental, 26%; e entre os que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos, 24%.

Os piores desempenhos ocorreram no grupo dos que têm renda entre 5 e 10 salários (8%), entre os que recebem mais de 10 salários (10%) e entre os que têm ensino superior (10%). Como ocorre há anos em pesquisa desse tipo, a maioria da população não tem nenhuma preferência partidária.  Agora, a taxa do “nenhum” foi de 63%.

Com margem de erro de dois pontos, o levantamento de intenções de voto mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como líder isolado em todas as simulações de primeiro turno, sempre com 35% ou mais. O petista marcou 42% de rejeição (ante 46% em junho) e também venceu as simulações de segundo turno contra os principais rivais. O único que empata com ele é o juiz Sergio Moro, que manifesta desinteresse em disputar.


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