A Catalunha disse nesta segunda-feira que está confiante de que todas as suas autoridades, incluindo a polícia, desafiarão as tentativas de Madri de assumir o governo direto da região, uma disputa crescente que despertou temores de distúrbios nos aliados europeus da Espanha.
O governo espanhol invocou poderes constitucionais especiais para demitir o governo regional; e forçar uma nova eleição para conter uma iniciativa de independência que vem abalando a economia. Uma votação sobre a implantação da administração direta deve ser realizada no Senado na sexta-feira.
Mas os líderes da campanha separatista disseram que o questionado referendo de 1o de outubro lhes deu um mandato para reivindicar independência do resto da Espanha.
– Não é que recusaremos (as ordens). Não é uma decisão pessoal. É uma decisão de sete milhões de pessoas – disse o chefe de Relações Exteriores da Catalunha, Raul Romeva, à rádio BBC.
Romeva foi indagado sobre se acredita que todas as instituições; inclusive a polícia, seguirão as ordens das instâncias de poder catalãs, e não de Madri.
– E desta perspectiva, não tenho dúvida de que todos os servidores civis da Catalunha continuarão seguindo as instruções fornecidas pelas instituições eleitas e legítimas que temos instauradas atualmente (na Catalunha) – disse.
As autoridades catalãs disseram que cerca de 90 % dos que participaram do referendo votaram pela separação. Mas só 43 % do eleitorado; e 1 de 3 catalães, foram às urnas. A maioria dos opositores da secessão ficou em casa.
A crise da Catalunha
A crise da Catalunha deixou outros países europeus receosos de que o movimento se dissemine pelo restante do continente.
Da Escócia a Flandres e à Lombardia, a crise financeira de 2007-09; o desemprego e a imigração deram espaço para partidos anti-União Europeia e populistas nutrirem o descontentamento com as elites políticas e ressuscitarem divisões regionais.
A Lombardia e Vêneto, duas regiões ricas do norte da Itália; votaram majoritariamente a favor de uma autonomia maior em referendos realizados no domingo.
Em uma cúpula europeia da semana passada, líderes procuraram minimizar a crise espanhola com a Catalunha; e descreveram a tentativa de separação como uma questão doméstica.