16/03/2018 às 11h26min - Atualizada em 16/03/2018 às 11h26min

Bombardeios contra região síria de Guta Oriental matam civis

Governo conseguiu reconquistar mais de 70% de Guta e os territórios que permanecem sob controle dos rebeldes foram divididos em três setores isolados.

G1
Homem leva um bebê dormindo dentro de uma mala de roupas em meio a dezenas de pessoas que abandonam a vila de Beit Sawa, no leste de Guta, na Síria, devido à guerra que assola a região (Foto: Omar Sanadiki/Reuters)rs)

 

Quarenta e dois civis morreram em bombardeios aéreos contra o reduto rebelde de Guta Oriental, nos arredores de Damasco, que é alvo há mais de três semanas de uma devastadora ofensiva do regime sírio, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Apenas na localidade de Kafar Batna os ataques mataram 31 civis e deixaram mais de 100 feridos, segundo a ONG.

O OSDH, que tem uma ampla rede de fontes na Síria, atribuiu os bombardeios - que atingiram a localidade de de Saqba pouco depois da meia-noite - à aviação da Rússia, país aliado do regime de Bashar al-Assad. Moscou já negou no passado ter bombardeado a região.

"As forças do regime tentam avançar para a localidade de Saqba", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Apoiado pela Rússia, o regime sírio iniciou em 18 de fevereiro uma ofensiva de grande intensidade contra o último reduto rebelde nas proximidades de Damasco. Desde então, mais de 1000 civis já morreram apenas nesta região.

O governo conseguiu reconquistar mais de 70% da área e os territórios que permanecem sob controle dos rebeldes foram divididos em três setores isolados, segundo o OSDH.

 

Homem carrega pertences durante saída da vila de Beit Sawa, em Guta Oriental (Foto: Omar Sanadiki/Reuters)

Homem carrega pertences durante saída da vila de Beit Sawa, em Guta Oriental (Foto: Omar Sanadiki/Reuters)

Homem carrega pertences durante saída da vila de Beit Sawa, em Guta Oriental (Foto: Omar Sanadiki/Reuters)

Homem carrega pertences durante saída da vila de Beit Sawa, em Guta Oriental (Foto: Omar Sanadiki/Reuters)

Homem carrega pertences durante saída da vila de Beit Sawa, em Guta Oriental (Foto: Omar Sanadiki/Reuters)

"Bombardeios aéreos russos e do regime atingiram várias localidades na zona sul do bastião rebelde, controlado pelo (grupo rebelde) Faylaq al-Rahman", disse nesta sexta-feira Abdel Rahman.

Na quinta-feira (15), quase 20 mil civis da cidade de Hamuriyah e seus arredores, asfixiados por semanas de bombardeios e anos de cerco, fugiram da zona sul de Guta ante o avanço das forças governamentais sírias.

Em Hamuriyah, que havia sido totalmente reconquistada pelo regime, combates foram registrados durante a noite após uma contraofensiva do grupo extremista Hayat Tahrir al-Sham, presente no território, e da facção rebelde Faylaq al Rahman.

"Hayat Tahrir al-Sham e Faylaq al-Rahman retomaram quase toda a localidade, mas os combates continuam na periferia", afirmou Rahman, que também citou as mortes de 14 combatentes do regime nesta frente de batalha.

Sete anos de guerra

 

Em todo o país, a guerra civil, que completa 7 anos nesta quinta, deixou 500 mil mortos, segundo o recente balanço do Observatório Sírio de Direitos Humanos.

A professora Nisreen, de 38 anos, que é moradora de Duma, a maior cidade de Guta Oriental, contou ao G1 como é viver em alerta para se proteger de bombardeios. Há três semanas, a casa dela foi totalmente destruída. Com a intensificação dos bombardeios, ela deixou o trabalho e passou boa parte do dia em um porão com familiares e vizinhos.

“Se estamos sentados, OK, é aceitável. Mas quando queremos dormir, temos que dormir um ao lado do outro, não há espaço para qualquer outra pessoa”, diz. “É muito incômodo. As crianças choram o dia todo, elas têm medo do som dos bombardeios”, afirmou.


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