11/07/2018 às 12h07min - Atualizada em 11/07/2018 às 12h07min

Mesmo na cadeia e com milhões de reais bloqueados, Amorim promove leilão de gado

Ele está preso por suposta ligação com esquema de fraudes em licitações e superfaturamento de obras

Celso Bejarano
topmidianews
foto: Wesley Ortiz

Mesmo preso desde maio deste ano por suposta participação em esquema de fraude em licitações e superfaturamento de obras, suspeito de corromper servidores públicos e com milhões de reais bloqueados por força judicial, o empreiteiro João Krampe Amorim dos Santos anunciou um mega leilão de animais bovinos em uma de suas fazendas, a Jacaré de Chifre, propriedade situada no município de Porto Murtinho. O leilão está marcado para o dia 19 de agosto próximo.

Investigações da Lama Asfáltica, operação da Polícia Federal, iniciada em julho de 2015, identificaram 11 fazendas compradas por Amorim e a família. A Jacaré de Chifre, por exemplo, a que promove o leilão, foi comprada por R$ 30 milhões e paga em sete parcelas, segundo a PF.

Investigadores da questão descobriram, por meio de documentos apreendidos na casa e escritório de Amorim, que a primeira parcela do negócio foi paga em maio de 2010, oito anos atrás. Saiu da conta bancária do empreiteiro a quantia de R$ 5,5 milhões.

Já a segunda prestação foi paga em fevereiro de 2011, cujo valor girou na casa de R$ 1,6 milhão. Essa importância, diz a investigação, saiu dos ativos da empreiteira Socenge, que mudou de nome e passou a se chamar LD Construções, cujo sócio maior é Luciano Dolzan,  marido de Ana Paula, filha de João Amorim. LD é sócia do consórcio Solurb, que coleta lixo em Campo Grande.

Técnicos da Receita Federal, que também agiram na Lama Asfáltica, descobriram que em 13 de maio de 2011, Elza Cristina dos Santos, emitiu cheque de R$ 4,9 milhões e passou para Amorim. 

Três dias depois, o empreiteiro Amorim emitiu um cheque de valor igual ao recebido de Elza, que era sua sócia, para a filha Ana Paula Dolzan. Ana, por sua vez, emitiu outro cheque, segundo os investigadores do caso, e entregou a empresa Idalina Patrimonial, que pagou uma das parcelas pela fazenda Jacaré de Chifre. A empresa Idalina era quem fechava as compras das fazendas para João Amorim.

O troca-troca de cheques seria um meio de a família Amorim driblar o cerco da fiscalização da Receita Federal.

Só em março deste ano, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 140 milhões de João Amorim, o ex-deputado federal Edson Giroto, outro preso e mais sete pessoas que estariam implicadas em supostas fraudes na construção do Aquário Pantanal, cujas obras estão paradas.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça), em recente decisão, no início deste mês, manteve o bloqueio de R$ 117 milhões em fazendas e empresas em nomes das filhas de João Amorim.


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