Ao falar com a delegada Cynthia Pereira Fonseca, na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, em 15 de dezembro do ano passado, Wesley pediu para corrigir o destinatário das notas.
As seis notas emitidas entre os dias 11 de janeiro e 5 de fevereiro de 2016, conforme o empresário, foram relacionadas erroneamente na cota de André. “Na verdade os pagamentos listados na verdade (sic) também foram direcionados para o governador Reinaldo Azambuja”, afirmou.
No depoimento, que consta do inquérito 1.190 no Superior Tribunal de Justiça, ele revelou que a JBS estimou em R$ 70 milhões o total de propina paga ao tucano. No entanto, como houve a antecipação de R$ 17 milhões em 2014, o valor repassado após a posse no Governo teria sido de R$ 53,5 milhões, conforme o empresário. O tucano não concordou com a conta da empresa, de que já tinham sido pagos R$ 27 milhões e o acordo reduziu o montante.
Wesley Batista garante que Reinaldo recebeu R$ 33,5 milhões em propina por meio de notas fiscais frias fraudulentas. Outros R$ 20 milhões teriam sido repassados em dinheiro vivo pelo operador da empresa em São Paulo, Florisvaldo Caetano de Oliveira.
Como O Jacaré já tinha publicado em maio deste ano, o empresário também corrigiu o valor das notas emitidas pelo pecuarista Élvio Rodrigues, o dono da Fazenda Santa Mônica, em Corumbá. A Justiça chegou a suspender a autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para ele desmatar 20 mil hectares no Pantanal, mas a devastação foi permitida pelo atual presidente do tribunal, desembargador Divoncir Schreiner Maran.
Conforme o depoimento, o valor pago em notas emitidas por Rodrigues passou de R$ 7,6 milhões para R$ 9,1 milhões.
Desde o início da delação premiada da JBS, Reinaldo tem reiterado que é vítima de chefes de facção criminosa, no caso, os irmãos Batista. Ele tentou anular o acordo de colaboração premiada, mas o pedido foi negado pelo STF.
O discurso do governador ganhou força com a decisão do Ministério Público Federal de pedir a rescisão da delação premiada da JBS. O objetivo é suspender o benefício acordado inicialmente de dar o perdão judicial aos delatores. Como eles omitiram fatos e até mentiram para a Justiça, a procuradoria quer condená-los pelos crimes praticados.
No entanto, para desalento da classe política, o STF e o MPF não pretendem invalidar as provas apontadas pela JBS.