Troca de acusações marcou o primeiro debate do segundo turno entre os candidatos a governador de Mato Grosso do Sul, juiz Odilon de Oliveira (PDT) e Reinaldo Azambuja (PSDB), promovido pelo jornal Midiamax. Ambos disputaram o apoio de Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas para presidente da República, e repetiram os ataques feitos no primeiro turno.

Reinaldo apresentou-se de forma soberba, superior ao adversário e sem admitir os problemas da sua administração. Passou todo o debate tentando desqualificar o adversário, de que não tinha conhecimento da situação do Estado.

Ao ser confrontado por Odilon sobre o aumento de 40% no IPVA, de elevar o ITCD de 3% para 6% e de só reduzir o ICMS do óleo diesel só na véspera da eleição, Reinaldo garantiu que reduziu a carga tributária. O leitor tem senso crítico para saber quem falou a verdade sobre esse assunto.

Reinaldo repetiu a estratégia do primeiro turno para confundir o eleitor e passar a análise do inquérito 1.198 pelo Superior Tribunal de Justiça como atestado total de inocência. A Corte Especial deve arquivar este caso, que ser refere à denúncia  feita pelo Fantástico, da TV Globo, de que havia cobrança de até R$ 500 mil em propina em troca de incentivos fiscais.

O juiz Odilon tentou ser didático ao explicar que o tucano é alvo de três inquéritos. O STJ ainda não pautou o inquérito 1.190, que resultou na Operação Vostok e acusa Reinaldo de ter recebido R$ 67,7 milhões em propinas da JBS e ter causado prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres públicos.

O outro inquérito apura o suposto envolvimento do governador no plano para matar o corretor de gado José Ricardo Guitti Guimaro, o Polaco, que ameaçava fazer delação premiada.

O pedetista ainda comentou que Reinaldo responderá a um quarto inquérito aberto após ele acusá-lo de venda de sentença com base na proposta de delação premiada de Jedeão de Oliveira, que foi recusada pelo MPF e pela Polícia Federal.

Reinaldo admite que será julgado pelo STJ na quarta-feira, mas quer usar um inquérito como “absolvição sumária” (Foto: Midiamax/Marcos Ermínio)

Aliás, as acusações feitas pelo ex-chefe de gabinete de Odilon por 21 anos foram repetidas a exaustão por Reinaldo para atacá-lo durante o debate. Apesar de cobrar o benefício da ampla defesa, o governador acusou o adversário de não ter controle dos cofres da 3ª Vara Federal, de onde teriam sumido “R$ 11 milhões”. Este valor é referente ao montante cobrado pelo MPF de Jedeão a título de devolução dos valores desviados, multa civil e indenização por danos morais.

Odilon voltou a dizer que denunciou o ex-assessor à Polícia Federal e ao TRF3, que fez investigação e não constatou o envolvimento de nenhum outro servidor nos desvios promovidos na vara. Jedeão só decidiu propor delação premiada na véspera da eleição e da sentença por peculato, que responde há dois anos.

O governador usou o apoio do MDB, presidido pelo ex-governador André Puccinelli, preso desde 20 de julho na Operação Lama Asfáltica, para atacar o juiz. Ele disse que o magistrado tinha chamado o MDB de “quadrilhão” e estava se aliando ao chefe. Reinaldo, que apoio André nos dois mandatos como governador, falou sobre a visita do vereador e advogado Odilon Júnior, coordenador da campanha do pedetista, ao Centro de Triagem.

Odilon disse que o filho foi visitar André Puccinelli como advogado. “Meu filho foi como advogado, não foi algemado e preso como o seu filho”, alfinetou, sobre o advogado Rodrigo Souza e Silva, que ficou cinco dias preso no complexo prisional da Capital por determinação do Superior Tribunal de Justiça. O juiz destacou que o MDB apoiou a eleição de Reinaldo em 2014.

O pedetista disse que o MPF, a PF e ministro Felix Fischer, do STJ, acusam Reinaldo de ser chefe de uma organização criminosa. Em mais de uma ocasião, o candidato ressaltou que o tucano não poderia levá-lo para o mesmo lamaçal.

O pedetista citou a morte de um bebê de Três Lagoas por falta de UTI Neonatal e lembrou que o hospital regional da cidade ainda não foi concluído. Ele destacou o Hospital do Trauma, que ficou cinco meses fechados, e só foi ativado parcialmente na véspera do primeiro turno. Para o pedetista, o tucano deixou a deixar na área da saúde e citou o Hospital Rosa Pedrossian, em Campo Grande, onde faltam recursos e médicos estariam sendo obrigados a escolher quem morre por falta de condições de atender todos os doentes.

Para Odilon, seu filho foi ao presídio como advogado, enquanto o de Reinaldo foi algemado e como preso na Operação Vostok (Foto: Midiamax/Marcos Ermínio)

Reinaldo garantiu que está regionalizando a saúde, apesar da crise econômica no País. No entanto, ele mudou a data de inauguração do Hospital Regional de Três Lagoas, que seria no fim deste ano e agora ficou para maio de 2019.

Outro tema polêmica foi a Caravana da Saúde, que Odilon considerou caríssima e defendeu a ampliação das cirurgias para outras áreas além da oftalmologia. Ele acusou o adversário de deturpar sua fala e divulgar que acabaria com o programa. Reinaldo disse que conseguiu realizar 67 mil cirurgias por meio da Caravana da Saúde, que será mantido em eventual segundo mandato.

Reinaldo passou o debate tentando desqualificar o adversário, de que era desinformado e não tinha conhecimento.

Juiz Odilon usou os aumentos de impostos, as denúncias de corrupção e as falhas na saúde para atacar o adversário.

O eleitor vai conseguir ter uma noção de quem falou a verdade e de quem merece um voto de confiança no próximo domingo. O debate do Midiamax conseguiu jogar um pouco de luz na disputa.