18/12/2018 às 10h11min - Atualizada em 18/12/2018 às 10h11min

Sucessão de erros e suspeita de fraude levam 4,6 mil a pedir anulação de concurso

EDIVALDO BITENCOURT
ojacaré


Com disputa de 14 candidatos por vaga, em média, concurso da educação mobilizou 14 mil candidatos no domingo passado (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Mais de 4,6 mil pessoas já assinaram o abaixo-assinado pedindo a anulação das provas do concurso do magistério, realizado no domingo por 14.370 professores em Mato Grosso do Sul. É tanta gente reclamando de erros, suspeitas de fraude, amadorismo, questões copiadas da internet e questões mal formuladas, que só um sortudo para encontrar alguém para elogiar o certame.

O Governo do Estado realizou o concurso para contratar mil professores com salário de R$ 2.388 para jornada de 20 horas. O sonho da estabilidade no emprego, com plano de saúde e bom salário, levou milhares de profissionais a fazer cursinhos e muitos sacrifícios para conquistar a vaga.

Para fazer a seleção, a Secretaria Estadual de Administração e Desburocratização contratou a Funrio, fundação ligada à Universidade Federal do Rio de Janeira e criada há 18 anos. No entanto, muitos candidatos ficaram decepcionados e frustrados com o concurso.

O G1MS foi um dos primeiros a mostrar a mobilização dos candidatos em grupos de WhatsApp para levar o caso à polícia e pedir ajuda da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul).

Em um caso suspeitíssimo, uma das opções da resposta estava com as letras em tamanho destacado e maior – será a certa?

No caso de geografia regional, o candidato se viu obrigado a falar sobre o Rio de Janeiro, apesar do edital confirmar que a prova era aplicada em Mato Grosso do Sul.

 

O site Campo Grande News mostrou a prova de português, onde mostrava apenas um parágrafo, mas as questões faziam menções aos parágrafos 2, 3 e 4. Outro candidato queixou-se da tabela periódica, que estava apagada e invisível até para quem tinha lupa.

O nome do nosso País estava grafado em letra minúscula: “brasil”. As provas estavam desfiguradas e com dois tipos de fontes, indício de que a confecção da prova foi terceirizada pela Funrio.

As suspeitas aumentam no abaixo-assinado para anular a prova realizada no domingo passado. De acordo com os candidatos, celulares tocaram no horário da prova e houve quem chegou na sala depois do início da prova.

O mais grave, conforme a petição, alguns candidatos receberam os gabaritos preenchidos. Outro problema foi que o gabarito estava junto com a prova.

Os fiscais não informaram o horário para o candidato ter noção do tempo durante a realização da prova. Foram 80 questões em quatro horas, enquanto a mesma instituição aplicou de 40 a 60 perguntas para o mesmo tempo em outros concursos.

 

O Governo do Estado e a Funrio não se manifestaram até o momento sobre as denúncias envolvendo o concurso, que rendeu R$ 3,1 milhões aos cofres públicos.

O grande número de reclamações exige que os órgãos fiscalizadores apurem as denúncias.

Em Aparecida do Taboado, o Gaeco descobriu que funcionários públicos estavam envolvidos em fraude em concurso público da prefeitura e a Justiça afastou secretários e até o procurador-geral do município. Eles teriam fraudado a contratação da empresa e acertado “cola” na prova.

 


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