17/01/2019 às 14h13min - Atualizada em 17/01/2019 às 14h13min

Mandetta propõe 3º turno em postos de saúde, programa de Bernal extinto por Marquinhos

EDIVALDO BITENCOURT
ojacaré

Uma das principais propostas do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, será implementar o terceiro turno nas unidades básicas de saúde para melhorar o atendimento médico à população brasileira. Instituído em Campo Grande na gestão de Alcides Bernal (PP), o projeto chegou a funcionar em 20 postos de saúde e foi extinto pelo atual prefeito, Marquinhos Trad (PSD), primo do ex-deputado federal.

Com gasto mensal de R$ 1,7 milhão, o 3º turno estendia o atendimento médico nas unidades básicas de saúde das 17h às 21h e desafogava a procura pelos centros regionais e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).

Ex-secretário municipal de Saúde da Capital e deputado federal por dois mandatos, Mandetta definiu o programa como uma das prioridades na posse no dia 2 de janeiro deste ano. De acordo com o ministro, a forma de implementação ainda está em estudo, mas visa atender quem trabalha e não dispõe de tempo livre para procurar o médico no horário comercial.

“A mulher trabalhadora e o homem trabalhador, muitas vezes, saem de casa antes das 7h e voltam depois das 18h. Ou seja, a unidade básica de saúde, para eles, fica praticamente inalcançável”, afirmou o ministro, conforme registro feito pela Agência Brasil.

Em Campo Grande, o 3º Turno foi idealizado pelo então secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, que tirou o projeto do papel em 10 unidades em outubro de 2013. O investimento era bancado pelo tesouro municipal.

No último ano da gestão de Bernal, em 2016, o projeto estava implantado em 20 postos de saúde, segundo Ivandro. Pesquisa da ouvidoria do SUS (Sistema Único de Saúde) constatou que o programa tinha aprovação de 67% dos campo-grandenses.

O ex-secretário conta que cada unidade de saúde tinha o próprio cronograma de atendimento, que poderia ser de segunda a sexta ou em dias alternados.

O custo era de R$ 85 mil por unidade de saúde, conforme dados repassados por Ivandro Fonseca. É um pouco inferior aos R$ 100 mil gastos pela Prefeitura de Porto Alegre, conforme o jornal Folha de S.Paulo.
A proposta era ampliar o atendimento para mais cinco unidades de saúde da Capital em 2017. No entanto, Marquinhos assumiu o comando do município e cancelou o programa 3º Turno. Coincidentemente, Marquinhos é primo de Mandetta e teve seu apoio para ser eleito em 2016.

 

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o projeto “não teve continuidade por não atender critérios técnicos e de efetividade, considerando que fora deixado déficit milionário na saúde”. Outro motivo foi que não tinha repasse do Ministério da Saúde.

Por meio da assessoria de imprensa, o secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela, confirma o custo citado pelo antecessor, mas contesta o número de unidades.
 

“Além disso(do custo de aproximadamente R$ 100 mil), o chamado terceiro turno funcionava de duas a três vezes por semana, somente em quatro unidades”, frisou o secretário, contestando a informação de que 20 unidades estavam com horário diferenciado em 2016.

Marquinhos adotou o horário estendido em 10 unidades de saúde, que funcionam ininterruptamente das 7h às 19h, sem intervalo e de segunda a sexta-feira.

Por outro lado, o ex-prefeito Alcides Bernal está eufórico com a perspectiva de ter um projeto seu levado para todo o País. “O terceiro turno precisa ser implementado em nível nacional”, defendeu. Ele concorda com Mandetta de que o trabalhador precisa de um horário estendido porque não consegue ser atendido no horário norma, das 7h às 17h.

Bernal apoio a eleição de Marquinhos Trad no segundo turno e até subiu no mesmo palanque do prefeito nas eleições do ano passado, já que os dois apoiaram a reeleição de Reinaldo Azambuja (PSDB).

 

Em nota, secretaria culpa custo alto e aposta em novo programa

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que o programa 3º Turno tinha custo muito alto. A atual administração aposta no horário estendido para atender quem não trabalha e não tempo de ir ao posto de saúde no horário comercial.

Veja a nota na íntegra:

O programa terceiro turno findou-se no em 2016 e não teve continuidade por não atender critérios técnicos e de efetividade , considerando que fora deixado deficit milionário na Saúde pois os projetos existentes à época não recebiam recursos do Ministério da Saúde e não tinham sustentabilidade financeira. Por ser executado em regime de plantão, o mesmo gerava um ônus de aproximadamente R$100 mil por mês por cada unidade.

Além disso, o chamado terceiro turno funcionava de duas a três vezes por semana, somente em quatro unidades. Neste ano, através de um processo de reorganização de trabalho e sem gerar custos, a atual gestão implementou o atendimento em horário estendido, que já está em funcionamento em 10 unidades de saúde e até o fim de janeiro, outras 11 devem ser contempladas, com funcionamento de 07h às 19h sem intervalo de segunda a sexta-feira.

O objetivo é facilitar o acesso da população e garantir atendimento de qualidade. Consequentemente, a medida deve contribuir também para desafogar as unidades de urgência (UPAs e CRSs), uma vez que, 70% dos pacientes hoje atendidos nestas unidades poderiam ter o problema resolvido na atenção básica. Além disso, a SESAU tem investido na implantação das Clínicas da Família. Somente esse ano quatro novas clínicas devem ser entregues.”

 
 
 

 

 
 
 

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