03/08/2015 às 09h30min - Atualizada em 03/08/2015 às 09h30min

Bomba no Instituto Lula é encarada como ato terrorista

CORREIO DO BRASIL
Bomba contra o Instituto Lula foi atirada de dentro de um carro

A bomba atirada de dentro de um veículo ainda não identificado contra o Instituto Lula, na Zona Sul da capital paulista, provocou um novo cabo de guerra entre os campos políticos que se enfrentam, no país. Nas últimas 48 horas, enquanto representantes dos governos que integram as forças conservadoras, no país, tentam classificar o atentado como “ação de baderneiros”, segundo nota da secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, integrantes da esquerda falam em “ato terrorista”. A presidenta da República, Dilma Rousseff, disse o “ataque é inaceitável”.

“A intolerância é o caminho mais curto para destruir a democracia”, disse a presidente em suas contas no Facebook e no Twitter. “Jogar uma bomba caseira na sede do Instituto Lula é uma atitude que não condiz com a cultura de tolerância e de respeito à diversidade do povo brasileiro”, acrescentou.

Logo após o incidente, o atentado foi classificado como um “ato de terrorismo”, conforme a manchete do Correio do Brasil. De acordo com nota do Instituto Lula, divulgada no dia seguinte, a bomba explodiu por volta de 22h e, felizmente, ninguém se feriu. O Instituto afirma ter sido alvo de um “ataque político”.

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo determinou à Polícia Federal que investigue os autores do ataque e o Partido dos Trabalhadores (PT), conforme nota do presidente nacional, Rui Falcão, considera “inaceitável essa escalada de ódio contra o PT”.

“(Trata-se de uma) consequência da criminalização proporcionada por alguns setores da sociedade”, afirmou. Para o dirigente, o ataque é fruto de setores que insistem em propagar o golpismo, o ódio e ideias conservadoras. Além disso, ele relembrou que, somente neste ano, dois diretórios regionais da legenda foram alvo de violência em São Paulo.

Ainda na nota, o diretório estadual do PT, presidido por Emidio de Souza, afirmou que esse ato e outros que ocorreram em São Paulo (ataques contra os diretórios do partido em Jundiaí e na capital paulista) “refletem a escalada da intolerância e do ódio que alguns setores da sociedade e da mídia têm amplificado nos últimos meses”.

– O ataque é uma agressão à nossa democracia – acrescentou.

Ato terrorista

Para o jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi, em uma rede social, porém, “não é razoável que a presidenta Dilma Rousseff trate como ‘intolerância’ um ato de caráter terrorista, com óbvio planejamento e ação coletiva. Intolerância é exacerbação da discussão política, exercício discursivo do preconceito e desrespeito na polêmica.

“O que vimos foi o recurso puro e simples à violência, em sua fase inicial, de intimidação”, escreveu.

Ainda no texto, Altman acentua que “ou o governo assume suas responsabilidades, enfrentando como se deve a escalada reacionária, ou levará a esquerda à maior humilhação de sua história. Já há pouca areia na parte superior da ampulheta, afinal”.

Terrorismo de direita

Para o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), que articula uma frente dos partidos de esquerda para as próximas eleições, o ataque à sede do Instituto Lula é ‘terrorismo de direita’.
– Ataque ao Instituto Lula é terrorismo de direita. Estimulado pelo massacre midiático contra Lula. Os fascistas se sentem legitimados – afirmou Genro.

O petista também prestou solidariedade ao ex-presidente Lula, em texto publicado em uma rede social.

“Solidariedade ao presidente Lula, como teríamos com FH se o seu Instituto fosse atacado. Isso é unidade democrática contra o ovo da serpente”, afirmou.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ainda não se manifestou sobre os fatos.


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