04/04/2020 às 10h44min - Atualizada em 04/04/2020 às 10h44min

Políticos europeus acusam EUA de ‘pirataria’ em compra de aparatos médicos

Além de alavancar os preços na compra de máscaras, os americanos são acusados de contrabandear uma carga com 200.000 respiradores destinada à Alemanha

Da redação
Revista Veja

Dois dias após o presidente americano, Donald Trump, anunciar a compra de 1,8 milhão de máscaras de proteção para proteger seus cidadãos da pandemia da Covid-19, o secretário do Interior do estado de Berlim, Andreas Geisel, acusou nesta sexta-feira, 3, os Estados Unidos de contrabandear 200.000 respiradores destinados à capital alemã. Os americanos têm sido alvo de críticas de políticos europeus, e até do ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, por impulsionar a demanda pelos equipamentos de saúde e, consequentemente, diminuir sua oferta.

“Consideramos isso um ato de pirataria moderna. Não é assim que você lida com parceiros transatlânticos”, disse Geisel à emissora pública alemã RBB. “Mesmo em tempos de crise global, nenhum método do ‘velho oeste’ deve ser usado”, concluiu o secretário, que demandou dos americanos o cumprimento do direito internacional.
 

Os 200.000 respiradores a que se refere Geisel fazem parte de um carregamento de 400.000 respiradores encomendados pelas autoridades alemãs à China e com destino ao Departamento de Polícia de Berlim. Segundo as autoridades alemãs, os produtos foram desviados para entrega aos Estados Unidos quando estavam sendo transportados entre uma aeronave e outra na Tailândia.

O estado de Berlim sozinho responde por 4% dos mais de 85.480 casos da Covid-19 reportados na Alemanha, segundo o jornal alemão Bild. Mais de 20 pessoas morreram na capital alemã em decorrência da doença.

Além dos alemães, os franceses também criticaram nesta sexta-feira a postura americana na compra de aparatos médicos.

“Fomos pegos de surpresa”, disse Valérie Pécressea governadora da Île-de-France  região onde fica a cidade de Paris — sobre a demanda americana pelos equipamentos de saúde. “Eles ofereceram três vezes o preço e propuseram pagar adiantado. Eu não posso fazer isso”, concluiu Pécresse.

A governadora francesa ressalta que sua crítica “não é ao governo americano”, e aponta os cidadãos americanos no geral como responsáveis pelo aumento na demanda. “Estou gastando recursos públicos e só posso pagar na entrega depois de verificar a qualidade”, explica Pércresse, se comparando a um consumidor americano.

Mais de 1.700 pessoas morreram em decorrência da epidemia na Île-de-France, que é a região mais afetada pela Covid-19 na França, respondendo por 16% dos casos do país, segundo o Ministério da Saúde francês.


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