20/08/2020 às 07h42min - Atualizada em 20/08/2020 às 07h42min

Estudo aponta pico da Covid-19 na véspera do aniversário de Campo Grande

Pesquisadores afirmam que projeção pode não se concretizar se população tomar medidas, como o isolamento

Glaucea Vaccari
Correio do Estado
Pesquisadores apresentaram dados que apontam que taxa estabilizou, mas continua alta - Foto: Reprodução

Com média diária de 388 casos de coronavírus, Campo Grande pode chegar ao pico da Covi-19 no dia 25 deste mês, véspera do aniversário da cidade.

É o que aponta pesquisas desenvolvidos pelas Universidades Federal e Estadual de Mato Grosso do Sul (UFMS e UEMS), apresentadas nesta quarta-feira (19) na Câmara Municipal de Campo Grande.

Dados indicam que até o fim do mês a Capital deve ter 21.670 casos confirmados. Até esta quarta-feira, são 16.988 já confirmados e 254 mortes.

Segundo pesquisadores, essa projeção deve se concretizar caso o comportamento atual da população se mantenha, principalmente no tocante ao distanciamento social, que tem tido baixos índices, com média de 37%.

Conforme os professores Earlandson Ferreira Saraiva, do Instituto de Matemática da UEMS, e Leandro Sauer, da Escola de Administração e Negócios da UFMS, estimativas são feitas com bases em estudos matemáticos que demonstram também que a ocupação de leitos pode chegar a 95%, com possível colapso.  

“Temos um cenário de estabilização, mas manter ou não depende do comportamento das pessoas, o que influencia nos números”, afirmou o professor Earlandson, acrescentando que, mesmo estáveis, as confirmações continuam altas.  

Dados apresentados também mostram que, apesar do aumento de confirmações em agosto, ritmo está menor do que o inicialmente projetado.  

Outra pesquisa, apresentada pelo professor doutor Sandro Marcio Lima, da UEMS, que compara o cenário mundial do coronavírus com o local, aponta que a doença ainda não chegou ao ápice no país.  

Segundo ele, os números estão altos, mas estacionados no mesmo patamar.

“Este comportamento vai se manter? Vai subir ou descer? É o grande gargalo! Nada garante que é o patamar máximo. Está estacionado num patamar elevado. Não dá para acreditar que ainda não teremos ocupação de leitos ainda elevada”, afirmou.

O professor avaliou ainda que a taxa de ocupação de leitos, que oscila entre 80% a 90%, está em um limiar crítico e que, somada a baixa adesão ao isolamento social, preocupa.

“É muito crítico. Pouco se comparado com a necessidade do que precisamos e pouco se comparado com outros países, como Itália onde passou de 60%”, disse, comparando o ideal com a média da capital, de 37%.

 

Medidas

Quanto as medidas tomadas na semana passada, com a proibição de consumo de bebidas alcoólicas em locais de compra ou públicos, pesquisadores afirmam que a eficácia ou não deve ser avaliada por profissionais de saúde.

Vereadores questionaram se o decreto pode ter sido responsável pelo menor ritmo de contágio, mas o professor Sandro afirma que a questão deve ser ponderada.

Segundo ele, se a medida surtiu efeito, o decreto teve validade até domingo (16) e pode ocorrer de as taxas voltarem a patamares mais alto.

“O comportamento da curva depende das tomadas de decisões. Se estamos tendo um comportamento que está resultando em poucas variações, temos que tomar decisões para reverter isso e sair desse patamar, para que essa curva mude, para um patamar mais aceitável”, alertou o professor da UEMS.

Relatórios são produzidos semanalmente com dados de Campo Grande e Mato Grosso do Sul, subsidiando as secretarias de saúde e também estão sendo solicitados por outras instituições, como a Câmara Municipal e Ministério Público Estadual. 


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