31/12/2020 às 14h21min - Atualizada em 31/12/2020 às 14h21min

Energia solar terá menos burocracia, mas pode ser taxada nos próximos anos

Resolução do governo federal simplifica adesão à geração distribuída, mas há brecha para taxação 31/12/2020 08:47 - Eduardo Miranda,

Súzan Benites
Correio do Estado

Após um ano inteiro de indefinições, o governo federal deu, neste fim de 2020, mais um passo para evitar que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) repasse aos consumidores que geram energia solar os custos de distribuição das redes. 

Pelo menos evita que essa taxação ocorra de forma abrupta e unilateral, como a Aneel tentou fazer no fim de 2019.  
 

Resolução publicada nesta semana no Diário Oficial da União pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, estabelece regras que ajudam a desburocratizar o acesso ao sistema de geração de energia fotovoltaica, mas, ao mesmo tempo, deixa brechas para a futura taxação dos usuários da fonte renovável que estão inscritos no sistema de geração distribuída, os GDs.

Se por um lado a resolução nº 15, publicada no dia 28 de dezembro, determina que o acesso do consumidor às redes das distribuidoras para conexão da geração distribuída não seja discriminatório, por outro deixa uma brecha para que “os custos do uso da rede e os encargos previstos na legislação do setor” sejam repassados aos geradores de energia solar.  

Na prática, a resolução simplifica a aquisição e a expansão da geração de energia solar por consumidores residenciais ou comerciais, mas não impede que a Aneel avance em seu objetivo de impor aos GDs que eles ajudem a bancar os subsídios ao sistema.  

Uma das vice-presidentes da Associação Brasileira dos Geradores de Energia Solar (Absolar), Bárbara Rubin encarou a resolução com otimismo, sobretudo por causa dos itens que impedem que as alterações não poderão ocorrer da noite para o dia, e também pela exigência de transparência e previsibilidade nos processos de elaboração, implementação e monitoramento da política pública para o setor.
 

Brecha


O mesmo otimismo não tem o secretário de Meio Ambiente, Produção, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, justamente por causa da possibilidade de taxação que é deixada em aberto pelo Conselho Nacional de Política Energética e o ministro das Minas e Energia.  

Verruck destaca que a expansão da energia solar no Estado tem ocorrido de forma contundente.  

“As empresas têm buscado uma redução de custo e, na retomada [do crescimento], a energia solar será extremamente importante porque gera empregos e, principalmente, gera redução de custo de energia para as empresas e para as pessoas físicas”, analisa.  

O secretário de Desenvolvimento Econômico frisa que o governo apoia o projeto de lei do deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) que tramita no Congresso Nacional e que estabelece que a taxação da energia solar só poderia ocorrer quando esta matriz fosse responsável por pelo menos 15% do total da geração no Brasil. “A partir daí, se teria uma taxação, porque o custo precisa ser distribuído por toda a sociedade”, comenta.

 

Entenda

No ano passado, a Aneel tentou repassar para os geradores de energia os custos da distribuição da energia elétrica. Atualmente, os custos por utilizar a rede são repartidos entre os usuários do sistema convencional: do consumidor que compra a energia da concessionária.  

A cobrança seria implementada de forma escalonada. A partir de 2020, novos consumidores de GD local pagariam os custos da rede. Em 2030, ou quando a capacidade de GD no país chegar a 5,9 GW, eles passariam a arcar também com os encargos. Já os novos consumidores de GD remota passariam a pagar custos e encargos em 2020. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee) prevê que a manutenção dos subsídios deve alcançar R$ 2,5 bilhões ao ano a partir de 2022.


 


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