25/02/2021 às 09h01min - Atualizada em 25/02/2021 às 09h01min

Vacinação pode ter influenciado em aumento de internações em Mato Grosso do Sul

Segundo diretora do Regional, a vacina trouxe sensação de segurança, o que levou a aglomerações

Bruna Pasche
Correio do Estado

O início da vacinação contra a Covid-19 pode ter influenciado no aumento de internações por coronavírus nos hospitais de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul. 

A sensação de segurança e relaxamento que a vacina trouxe em relação à doença, ainda mais antecedendo um importante feriado, como o de Carnaval, são fatores que podem ter contribuído para o aumento da ocupação de leitos, clínicos e de unidades de terapia intensiva (UTIs), com pacientes com coronavírus.  

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A avaliação é feita pela diretora-presidente do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), Rosana Leite de Melo. Ela conta que, mesmo com o apelo pelo distanciamento social, com a proibição de festas e a limitação das vacinas, as pessoas voltaram a agir normalmente, causando um aumento expressivo nas internações.  

“Nós observamos que, depois que a vacina foi anunciada, as pessoas tiveram a falsa sensação de segurança e relaxaram de novo com os cuidados contra o coronavírus. Com isso, nós estamos voltando aos aumentos expressivos nos números de internações e óbitos na cidade. Além disso, continuamos com as festas clandestinas, no pré-feriado foram várias noticiadas, e já estamos atendendo o resultado disso. Os casos de contaminação do Carnaval já estão na fase inflamatória, então a tendência é aumentar”, explicou.  

Esse aumento é mostrado por dados do Mais Saúde, criado pelo governo do Estado, no qual todos os setores apresentaram aumento de pacientes e de internações em fevereiro. 

No dia 2 deste mês, a soma da taxa de ocupação de leitos gerais e de UTI nos hospitais de Campo Grande era de 76,02%, na UTI Covid de 70,79%, nos leitos clínicos de 78,43% e nos clínicos Covid 35,01%. 

Os números saltaram para 85,32% na UTI, 82,03% na UTI Covid, 77,77% nos leitos clínicos e 80,77% nos clínicos Covid, na terça-feira. Ontem a ocupação de UTIs para Covid-19 chegou a 90,5% na Capital, e leitos críticos para outras enfermidades estavam em 85% de lotação.  

CONTÁGIO

O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, informou ontem que no começo do mês a média móvel de novos casos por dia era de 650, passando para 761 na semana posterior e batendo 835,4 nesta semana. 

“Esses números só sinalizam que, infelizmente, nos próximos dias teremos um acréscimo significativo no número de casos, por conta do feriado prolongado e do relaxamento das pessoas. Ainda estamos com várias cidades do Estado, incluindo Campo Grande, no limite de internações”, disse.  

A taxa de ocupação dos leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) bateu 80% na macrorregião de Campo Grande, ultrapassando a média de 500 internados por dia.  

A taxa de contágio da doença também aumentou, passando de 0,93 para 0,96. 

“Ou seja, a cada 100 pessoas contaminadas, temos a possibilidade de contaminação de outras 96 pessoas nos dias seguintes e assim por diante. Isso mostra mais uma vez que, além desse crescimento que estamos falando hoje, a expectativa é de que haja elevação dos casos nos próximos dias”, concluiu o secretário.

O Hospital Regional voltou essa semana a registrar patamares altos de ocupação. Na terça-feira, a lotação na UTI para Covid-19 chegou a 93%. Em outras unidades, como o El Kadri e a Santa Casa, a ocupação também está alta, atingindo 100% nos leitos de UTI para Covid-19.  

“Retomamos nossa estratégia de contenção, porque é uma doença muito traiçoeira, não dá para brincar. Em menos de 12 horas, na segunda-feira chegaram seis pacientes graves e nove outros em decorrência da doença. No mesmo dia nós tivemos nove óbitos, sendo seis deles de pacientes que estavam internados há mais de 30 dias. É muito triste. É tão desesperador que agora eu falo ‘fica pelo menos os 14 dias em casa, depois faz um teste e vê o que faz’, para ver se, pelo menos assim, as pessoas param de sair e contaminar as outras”, concluiu a diretora do HRMS, Rosana de Melo.  

Campo Grande segue liderando o ranking de municípios mais afetados pela doença em Mato Grosso do Sul, com mais 363 novos casos registrados ontem. 

Por problemas no sistema da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o número de óbitos não foi registrado em sua totalidade, por isso apenas um foi contabilizado na Capital. Ao todo, na cidade são 73.994 confirmações e 1.430 mortes – este valor é referente a 44,1% dos óbitos ocorridos no Estado. 


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