30/03/2021 às 13h49min - Atualizada em 30/03/2021 às 13h49min

Pandemia pode melhorar em abril com medidas restritivas

Para infectologistas, restrições devem continuar para evitar colapso no próximo mês

Ana Karla Flores
Correio do Estado

Para conter novo colapso do sistema de Saúde em função da pandemia de Covid-19 em abril, Campo Grande deve manter as medidas de restrição e vacinar a população rapidamente, segundo infectologistas.  

De acordo com os especialistas, mesmo após uma semana de medidas restritivas na Capital, a média de casos continua em alta, com cerca de 500 contaminados por dia, e a situação pode piorar até a próxima semana.  

Para o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, uma semana de restrições é muito pouco para gerar impacto, e o número de casos novos em Campo Grande continua em alta no mínimo até a semana do dia 7 de abril.  

Croda explica que o aumento de casos nos últimos dias tem relação com a nova cepa e principalmente com a atitude da população durante os fins de semana e feriados. O infectologista destaca que, se as medidas não forem mantidas, em poucos dias o Estado estará em crise no sistema de Saúde.

“Em menos de um mês, se abrir com mais de 80% de ocupação de leitos, vai reabrir no colapso. Então, o que já tiver de casos, com a manutenção, vai manter o sistema no colapso. Também precisa-se vacinar pelo menos 70% ou 80% para caírem os casos por conta da vacinação”, detalha o infectologista.

O infectologista Rivaldo Venâncio afirma que a pandemia só ficará mais branda, com menos casos e mortes, no fim de abril. “Uma semana é muito pouco tempo para perceber algum impacto. Bem para o fimde abril, quem sabe a situação melhore. Mas, para isso, seriam necessárias medidas mais restritivas”, pontua.

Em março a média móvel de casos diários se manteve acima de 100 confirmações em Campo Grande. Durante as primeiras três semanas, a cidade registrou média de 248,1 casos, 325,7 casos e 340,2 casos por dia, respectivamente. Na semana do dia 22 ao dia 28, a média aumentou para 365,4 casos, e ontem foram notificadas 613 confirmações em 24 horas.  

Medidas restritivas

Desde ontem, a mobilidade urbana mudou em Campo Grande, mas não muito. Com o fim da semana de restrições que teve validade até domingo, nesta segunda passaram a vigorar as restrições impostas pelo governo de Mato Grosso do Sul, que começaram na sexta-feira e vão até o dia 4 de abril.

O comércio e atividades consideradas não essenciais, como lojas de roupas e calçados e outros prestadores de serviços, continuam sem poder funcionar com atendimento presencial. 

Durante toda a semana, nos horários não compreendidos pelo toque de recolher, o comércio em geral, mesmo com as portas fechadas, poderá vender seus produtos por meio de delivery e atendimento remoto.

Vacinação  

De acordo com o Vacinômetro, Campo Grande vacinou 66,20% da população estimada, com 96.822 aplicações da primeira dose. A segunda dose já foi dada a 25.309 campo-grandenses, ou seja, 17% da população está imunizada contra a Covid-19.

Hoje idosos de 66 anos já podem tomar a 1ª dose da vacina, o atendimento ocorre em mais de 50 pontos de imunização espalhados pelas sete regiões da Capital. Conforme o levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), a estimativa é vacinar 5.330 pessoas nesta faixa etária.  

Com 10,06% da população vacinada, Mato Grosso do Sul ocupa o 1º lugar no ranking de vacinação no Brasil. Já foram aplicadas 373.676 doses, sendo 282.636 da primeira e 91.040 da segunda. Ao todo, o Estado já recebeu 467.010 imunizantes.

As cidades sul-mato-grossenses com maior porcentual de aplicação da primeira dose na fase 1 de vacinação são Jateí (103,99%), Antônio João (103,46%), Pedro Gomes (102,44%), Alcinópolis (101,89%), Laguna Carapã (101,79%) e Nova Alvorada do Sul (101,09%). Esse porcentual na Capital é de 66,20%.  

Leitos

De acordo com o boletim epidemiológico, o Estado contabilizava 1.144 pessoas internadas nesta segunda-feira, sendo 693 em leitos clínicos (483 públicos; 210 privados) e 451 em leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) (345 públicos; 106 privados). 

A ocupação global de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) na macrorregião de Campo Grande está em 107%, na de Dourados, em 92%, na de Três Lagoas, em 94%, e na de Corumbá, em 100%.  

Em meio ao colapso no sistema de Saúde, Mato Grosso do Sul tem 181 pessoas infectadas com Covid-19 à espera de leitos clínicos ou de UTI, conforme os dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) desta segunda-feira.

De acordo com a SES, a maioria desses pacientes estão em Campo Grande: são 96 pessoas na Capital aguardando uma vaga. Somando todas as 18 cidades que compõem a macrorregião de Campo Grande, são 130 pessoas à espera de um leito.


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