19/02/2022 às 20h38min - Atualizada em 19/02/2022 às 20h38min

Crise tira renda de famílias e gera 'empreendedorismo forçado' em MS

Nos dois últimos anos, mais de 100 mil empresas foram criadas, segundo dados da Receita Federal, mas a mortalidade delas se deu em números semelhantes

Elias Luz
MIDIAMAX
Wikimedia Commons

Números da Receita Federal mostram que, em Mato Grosso do Sul, nos dois últimos anos foram criadas mais de 100 mil empresas, a maioria do tipo MEI – Microempreendedor Individual. Em uma análise superficial, as 54.954 empresas criadas em 2020, junto com as 52.458 que surgiram em 2021, podem dar uma conotação que a população acordou para o empreendedorismo, mas a realidade é bem diferente.

Pelo menos é o que aponta a avaliação da analista-técnica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Mato Grosso do Sul, Vanessa Schmidt. “Infelizmente, esse empreendedorismo que estamos vendo não é o que o Brasil necessita. Essa realidade, que não é só de Mato Grosso do Sul, mostra que se trata de um empreendedorismo forçado, por necessidade, tendo como motivo a crise econômica e o desemprego. Foi a saída encontrada por milhares de pessoas que perderam o emprego com a pandemia. Essas pessoas ficaram sem renda e resolverem abrir empresas”, destacou Vanessa Schmidt.

Das 54.954 empresas criadas em 2020, pelo menos 63% são do tipo MEI. Em 2021, apesar do número de novas empresas ter sido ligeiramente menor – de 52.458 –, o número de MEIs alcançou 75%. O problema, segundo Vanessa Schmidt, é que o índice de mortalidade de empresas se deu, praticamente, na mesma proporção, o que comprova a busca das pessoas por uma recolocação no mercado de trabalho pela via microempresarial.

Para a analista-técnica do Sebrae-MS, para abrir um negócio é necessário um processo de preparação, planejamento, estudo de mercado, além de um cuidado especial na gestão, principalmente nos dois primeiros anos. “Empresas recém-abertas têm maiores riscos de fechar as portas no primeiro e segundo ano de existência, que foi o que aconteceu não só em Mato Grosso do Sul, mas na maioria dos Estados brasileiros. Esses novos negócios empreendedores surgiram por necessidade e desespero, causados pelo desemprego provocados pela permanência da pandemia”, lamentou Vanessa Schmidt.


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