30/08/2015 às 09h42min - Atualizada em 30/08/2015 às 09h42min

Índio bebia água quando foi morto em confronto com fazendeiros

Identificação da vítima foi confirmada pela polícia, que narrou fato em ocorrência

CORREIO DO ESTADO
Índios atuavam em confronto com arco e flecha e espingardas (Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado)

A identificação do índio assassinado a tiro em confronto com fazendeiros pela disputa de terras, ontem (29), no município de Antônio João, foi confirmada pela Polícia Civil. Trata-se de Semião Fernandes Vilhalva, 24 anos, da etinia Guarani-Kaiowá. Segundo apurado por autoridades policiais, ele bebia água em córrego próximo da área quando foi atingido com um tiro na cabeça.

Consta em Boletim de Ocorrência, que Semião foi encontrado por outros indígenas, já morto, à margem do córrego onde havia ido beber água.

Peritos estiveram no local e encaminharam o corpo para o Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã, para exame necroscópico. A vítima foi baleada com revólver, de calibre 22, cuja arma não foi apreendida e a polícia investiga autoria do crime.

CONFRONTO

Grupo de aproximadamente 100 fazendeiros foram à cidade na manhã de ontem, prometendo que desocupariam “na marra”, propriedades rurais que estão invadidas desde a semana passada.

Há informações de que produtores estariam armados e vestidos com coletes balísticos, assim como indígenas estavam com arco e flecha e espingardas.

Equipes da Força Nacional, do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e Polícia Rodoviária Estadual (PRE) estiveram na região de confronto para tentar apaziguar a situação.

PROBLEMA ANTIGO

Há 10 anos, em 2005, o Governo Federal homologou parte das propriedades rurais da cidade como terra indígena. A partir daí, houve série de cobranças por parte dos índios para que a área fosse demarcada, no entanto, nada foi feito.

No final da semana passada, indígenas invadiram fazendas e fizeram famílias de produtores reféns. Na quarta-feira (26), o clima ficou ainda mais tenso e produtores rurais bloquearam estradas que dão acesso à cidade em forma de protesto. As rodovias foram liberadas durante a noite.

No dia seguinte, a situação era menos tensa na região, mas a invasão continuava e policiais do DOF fizeram a segurança para evitar confrontos entre indígenas e fazendeiros.

Amanhã(31), está previsto acontecer reunião entre representantes da Polícia Federal, Exército e forças de segurança estaduais para debater a questão.


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