16/09/2015 às 17h13min - Atualizada em 16/09/2015 às 17h13min

EI: aviões australianos fazem primeiros bombardeios aéreos na Síria

Foram feitos três bombardeios, com a participação da Austrália, em um local de exploração de petróleo

CORREIO DO BRASIL
Foto: Divulgação.

Os aviões australianos que apoiam a coligação internacional na luta contra o grupo Estado Islâmico fizeram os primeiros bombardeios aéreos na Síria, informou quarta-feira o ministro da Defesa, Kevin Andrews.

Foram feitos três bombardeios, com a participação da Austrália, em um local de exploração de petróleo, uma unidade tática do Estado Islâmico e um veículo armado de transporte de tropas, segundo  comunicado do Comando Central das Forças Militares Norte-Americanas, citado pela emissora ABC. Segundo a mesma fonte, ocorreram também 15 bombardeios no Iraque.

Em entrevista, Andrews informou que há dois dias, o grupo de trabalho aéreo completou o primeiro ataque contra o daesh (Estado Islâmico) no Leste da Síria, destruindo um veículo armado de transporte de tropas.

O governo australiano respondeu, na semana passada, ao pedido dos Estados Unidos, para estender à Síria as missões de combate que, até agora, estavam limitadas ao Iraque, país onde também são feitasoperações de apoio.

Como parte da contribuição para a coligação internacional que luta contra o Estado Islâmico no Oriente Médio, a Austrália destacou aviões Super Hornet, Wedgetail e KC-30A e enviou 900 soldados para a operação Okra.

Em Paris, o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, informou que a França fará os primeiros ataques aéreos ao Estado Islâmico na Síria nas próximas semanas.

A Força Aérea francesa tem feito missões de reconhecimento na Síria desde 8 de setembro, e os ataques vão seguir nas próximas semanas, assim que os alvos forem claramente identificados, disse Le Drian à Rádio França Internacional.

Intervenção na Síria

Na primeira sessão do Parlamento francês em Paris, após a pausa de verão, os parlamentares debateram na terça-feira a possibilidade da França se unir a coalizão liderada pelos norte-americanos para bombardear alvos do “Estado Islâmico” (EI) na Síria. Há um ano, caças franceses participam de ataques aéreos ao lado dos Estados Unidos no Iraque.

Na semana passada, o presidente francês, François Hollande, anunciou que o país cogitava lançar ataques aéreos contra o EI na Síria. A opinião pública aceitou calada o anúncio. O apoio a operações militares costuma ser grande na França. E nada mais aumentará a popularidade de Hollande, que na política interna anda meio fraca, do que uma participação como líder mundial no cenário internacional.

O presidente francês possui poderes para autorizar esse tipo de missão, sem precisar da permissão do Parlamento. Mesmo assim, o governo defendeu a medida perante parlamentares. O primeiro-ministro Manuel Valls explicou na terça-feira os motivos da operação, quase tardiamente, pois já estão sendo realizados os primeiros voos de reconhecimento na Síria.

Ao todo 14 caças e uma aeronave de transporte militar serão empregadas na missão, que não tem um prazo para terminar. Ela durará “o tempo que for preciso”, afirmou Valls e reconheceu, ao mesmo tempo, que a França precisará ter paciência.

Solução sem Assad

Na Síria governa o caos, milhões fogem do presidente Bashar al-Assad e dos extremistas do EI, a região está completamente desestabilizada, disse o primeiro-ministro e ressaltou que a França é ameaçada por atos terroristas de jihadistas, especialmente de militantes vindos da Síria.

Aproximadamente 490 franceses combateram no Iraque e na Síria ao lado dos terroristas, 133 deles morreram nos conflitos. Valls disse ainda que milhares de sírios fogem, não somente dos jihadistas, mas também da opressão de Assad.

Com essas palavras, Valls deseja evitar que os bombardeios contra os extremistas sejam usados em favor do regime de Assad. Porém, ele não explicou como Paris impedirá, na prática, esse efeito. Esse era um dos motivos, pelos quais o governo francês resistia a um envolvimento militar na Síria.

No debate que seguiu ao discurso de Valls, parlamentares da oposição exigiram que o governo, com ajuda do presidente russo Vladimir Putin, buscasse uma solução diplomática para o conflito sírio. O primeiro-ministro, no entanto, insistiu que uma solução com Assad, como a Rússia deseja, não é possível.

Vários parlamentares também expressaram ceticismo sobre a eficácia dos ataques aéreos no combate ao “Estado Islâmico”. Valls descartou ainda uma intervenção militar terrestre na Síria e afirmou que parceiros na Europa e nos Estados Unidos não cogitam essa possibilidade. O primeiro-ministro disse, porém, que se uma ampla aliança de países vizinhos estiver preparada para enviar soldados, a França também o fará, para libertar a Síria da “tirania do EI”.

Pressão de crise migratória

Para o cientista político francês, Dominique Moissi, Hollande está tão desnorteado com relação ao conflito na Síria, como outros líderes ocidentais, mas a crise de refugiados o forçou a participar da coalizão para combater os jihadistas, mesmo sabendo que alguns caças franceses não irão mudar muito a situação.

– O presidente quer mostrar que ele está fazendo algo – reforçou Moissi e acrescentou que Hollande também estaria sendo guiado pelos argumentos da oposição, que exige a solução do conflito na Síria como forma de acabar com o fluxo de refugiados vindo da região.


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