23/09/2015 às 16h45min - Atualizada em 23/09/2015 às 16h45min

Dólar comercial bate recorde e chega a R$ 4,13

Para suavizar alta, BC faz operação de rolagem e swap cambial

BAND
Dólar segue em alta e bate recorde nesta quarta-feira / REUTERS/Kham Dólar segue em alta e bate recorde nesta quarta-feira REUTERS/Kham

O dólar segue em alta e batendo recorde nesta quarta-feira (23). Às 12h30, o dólar comercial estava cotado a R$ 4,1307 para venda. Na terça-feira, a moeda fechou o dia cotada em R$ 4,054, em um recorde histórico desde a criação do real, em 1994.

Na quinta-feira, a crise política e as incertezas na área econômica já tinham levado o dólar a ultrapassar a barreira dos R$ 4.

Para suavizar a tendência de alta e tentar oferecer proteção às empresas contra as fortes oscilações da moeda americana, o Banco Central (BC) tem feito operações de rolagem (renovação) de contratos de venda de dólares no mercado futuro (swap cambial).

Recentemente, o Banco Central também fez alguns leilões de vendas de dólares com compromisso de recompra no futuro. Na quinta-feira, a única intervenção do BC no mercado foi por meio dos contratos de swap.

O Banco Central anunciou a negociação de até 20 mil destes contratos (US$ 1 bilhão). No leilão, foram aceitos 4,4 mil swaps.

Em seguida, o Banco Central anunciou mais um leilão, marcado para quinta-feira (24). O BC vinha fazendo diariamente apenas a renovação destes contratos de swap, mas decidiu lançar novos contratos nesta quarta-feira.

O Banco Central também anunciou para esta quarta-feira o leilão de venda de dólares com compromisso de recompra no futuro. Neste leilão, a oferta é até US$ 2 bilhões.

Motivações da alta

Para o professor de macroeconomia do Ibemec-RJ, Alexandre Espírito Santo, a cotação do dólar tem sido influenciada, além da crise política, pela indicação de integrantes do Fed (Federal Reserve), Banco Central norte-americano, de que os juros dos Estados Unidos podem subir antes do fim do ano.

Na semana passada, o Fed decidiu adiar o aumento dos juros básicos da maior economia do planeta, que estão entre 0% e 0,25% ao ano desde o fim de 2008. Segundo o órgão, uma elevação neste momento poderia trazer riscos para a economia mundial.

Altas de juros nos Estados Unidos pressionam a cotação do dólar em todos os países. Taxas maiores incentivam os investidores a retirar recursos de países emergentes, como o Brasil, para aplicar em títulos do Tesouro norte-americano, considerados a opção de títulos mais segura do planeta.

O economista acrescentou que há também especulações sobre a possibilidade de mais agências de classificação de risco retirarem o grau de investimento do Brasil. No último dia 9, a agência de classificação de riscos Standard&Poor's reduziu a nota de crédito do Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa, o que significa que há chance de nova revisão para baixo no futuro. Com a redução, o Brasil perdeu o grau de investimento, conferido a países considerados bons pagadores e seguros para investir.

O professor destaca que quando um país perde o grau de investimento de duas agências, fundos de investimentos deixam o país. “Seria uma pressão muito grande, com muitos investidores saindo”, disse.

Ele acrescentou que a taxa de câmbio real (descontada a inflação brasileira e americana) média nos últimos 20 anos é R$ 3,50. Para o final do ano, ele prevê a cotação do dólar entre R$ 3,70 e R$ 3,80.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »