18/10/2015 às 11h19min - Atualizada em 18/10/2015 às 11h19min

EUA sabiam todo tempo que alvo em Kunduz era hospital

CORREIO DO BRASIL
Analistas militares norte-americanos sabiam que um hospital afegão era um local protegido

Analistas militares norte-americanos sabiam que um hospital afegão era um local protegido dias antes de o edifício ser atingido por um ataque aéreo dos EUA que deixou 20 civis mortos, segundo a Associated Press.

Analistas de operações especiais norte-americanos estavam coletando informações sobre a instalação porque acreditavam ser ela usada pela inteligência paquistanesa para coordenar atividade do Talebã, segundo relata a AP.

Entretanto, não está claro se os comandantes que ordenaram o bombardeio, que matou 22 pessoas, entre pacientes e funcionários, sabiam que o local era um hospital ou estavam cientes da possibilidade de atividade inimiga no edifício.

Segundo um ex-oficial de inteligência que teve acesso ao conteúdo, o material da inteligência norte-americana sugeria que o hospital vinha sendo usado como centro de comando do Talebã e talvez servisse como depósito de armas pesadas.

Alguns analistas norte-americanos justificaram o ataque afirmando que foram mortos no ataque os integrantes paquistaneses que supostamente trabalhavam para um serviço de inter inteligência do país. Contudo, nenhuma prova foi apresentada publicamente para apoiar essas conclusões, nem sobre a operação paquistanesa nem sobre as mortes de seus integrantes.

A agência Médicos Sem Fronteiras (MSF), responsável pela administração do hospital, condenou o bombardeio como crime de guerra e insistiu em afirmar que não havia armas, munição ou atiradores no edifício. A MSF pediu uma investigação independente realizada por um painel internacional.

Até agora, os EUA recusaram o pedido por uma investigação independente. Oficiais americanos dizem que as duas investigações realizadas pelo país em conjunto com um inquérito afegão, são suficientes.

No inicio deste mês, a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) exigiu, que a Comissão Internacional de Investigação Humanitária (IHFFC) receba a incumbência de realizar uma investigação independente sobre o bombardeio de um hospital em Kunduz , no Afeganistão.

– Não podemos confiar numa investigação militar (americana) interna” de um ataque aéreo dos EUA num hospital que o MSF estava administrando na cidade afegã de Kunduz – disse a presidente da MSF, Joanne Liu, em coletiva de imprensa.

Ela acrescentou que não havia sido “simplesmente um ataque ao nosso hospital, mas um ataque às Convenções de Genebra, que não pode ser tolerado”. Liu pediu apoio para mostrar que “até mesmos as guerras têm regras”.

A organização médica afirmou que a IHFFC, que pode ser invocada a pedido de um único Estado sob a Convenção de Genebra, reunirá fato e provas de Estados Unidos, Otan e Afeganistão. A IHFFC foi criada em 1991, com sede na Suíça, e nunca foi convocada a atuar.

Os EUA admitiram que o bombardeio havia sido efetuado seguindo a “cadeia de comando dos EUA”, mas alegou que ele atingiu o hospital “por engano” .

A ONU afirma que poderia se tratar de um crime de guerra, mas também disse que ainda era muito cedo para uma investigação independente.


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