19/10/2015 às 18h22min - Atualizada em 19/10/2015 às 18h22min

Bálcãs enfrentam excesso de refugiados após fechamento de divisa húngara

CORREIO DO BRASIL
Os Bálcãs se viram nesta segunda-feira às voltas com um excedente de milhares de imigrantes esperando em fronteiras

Os Bálcãs se viram nesta segunda-feira às voltas com um excedente de milhares de imigrantes esperando em fronteiras sob o frio e chuva desde que a Hungria fechou a divisa do sul e desviou os refugiados para a Eslovênia.

Esta, por sua vez, impôs um limite diário de 2,5 mil pessoas, obrigando a Croácia, membro da União Europeia assim como a própria Eslovênia, a também limitar os recém-chegados da Sérvia, que o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) disse estar abrigando mais de 10 mil imigrantes nesta segunda-feira – e há mais a caminho.

– É como um enorme rio de pessoas, e se você detém o fluxo terá alagamentos em algum lugar. É o que está acontecendo agora – alertou Melita Sunjic, porta-voz do Acnur, da fronteira servo-croata, onde cerca de duas mil pessoas estão sem rumo e em condições desesperadoras que só pioram.

Grupos de imigrantes se enfrentaram de manhã, disseram assistentes sociais, após uma noite passada ao relento e expostos ao vento e à chuva do outono. “Abram o portão, abram o portão!”, exclamavam diante da barreira de policiais croatas, que nesta segunda-feira erigiram uma cerca improvisada para controlar o acesso.

A Eslovênia se viu envolvida na maior imigração na Europa desde a Segunda Guerra Mundial depois que a Hungria lacrou sua divisa com a Croácia para a passagem dos imigrantes na sexta-feira.

País de dois milhões de pessoas que faz fronteira com Hungria, Itália, Áustria e Croácia, a Eslovênia declarou que só irá permitir a entrada de pessoas que consegue registrar, acomodar e encaminhar para a Áustria, que afirma ter limitado sua própria cota – algo que Viena negou. A maioria dos refugiados quer chegar à Alemanha, que até o momento está acolhendo a todos.

O que inicialmente pareceu uma resposta tranquila e bem coordenada das ex-repúblicas iugoslavas Eslovênia e Croácia rapidamente se deteriorou e se tornou o tipo de discórdia que caracterizou a reação europeia às centenas de milhares de pessoas que têm chegado às suas praias de barco pelos mares

Mediterrâneo e Egeu, a maioria sírios fugindo da guerra civil.

Retidos na Sérvia

Mais de 10 mil imigrantes estão atualmente na Sérvia, travados no país por limites impostos mais a oeste na Europa, informou a agência de refugiados da ONU nesta segunda-feira, alertando ainda sobre uma carência de ajuda.

– Só podemos dizer que há mais de 10 mil refugiados na Sérvia – disse a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Melita Sunjic, à agência inglesa de notícias Reuters. “É como um grande rio de pessoas, e se parar o fluxo, há enchentes em algum lugar. É o que está acontecendo agora”.

– Há uma falta de comida, cobertores, estamos perdendo tudo – disse Melita da fronteira entre Sérvia e Croácia, por telefone.

Ingresso da Turquia na UE

A chanceler alemã, Angela Merkel, ofereceu à Turquia no domingo a possibilidade de apoio para acelerar o ingresso do país na União Europeia, em troca de cooperação nas ações para deter o fluxo migratório e de receber de volta os imigrantes que forem rejeitados pela Europa.

Em declaração feita em Istambul, ao lado do primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, Merkel afirmou que a Alemanha poderia ajudar a acelerar o acesso à União Europeia com liberação de visto para turcos, além de impulsionar as conversas para que a Turquia se torne membro do bloco.

Em troca, Merkel espera que a Turquia concorde o mais rápido possível em receber imigrantes enviados de volta pela Europa, os chamados “acordos de readmissão”, que Davutoglu disse que aceitaria somente se houvesse progresso em liberar o regime de vistos para os turcos.

Merkel, que há apenas 10 dias reiterou sua oposição à Turquia se passar a integrar à UE, disse que as conversas foram “muito promissoras”.

Entretanto, alguma decisão no sentido de acelerar o ingresso da Turquia ao bloco pode ser de difícil aceitação entre os integrantes do partido conservador de Merkel, que por muito se opôs a participação dos turcos na UE.

 


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