27/01/2017 às 00h13min - Atualizada em 27/01/2017 às 00h13min

No MS, turismo arqueológico revela história do homem nas Américas.

Alcinópolis: Município possui um terço de toda a arte rupestre de Mato Grosso do Sul

J.M.
Virou Notícia MS
Fotos: Divulgação

As pinturas rupestres são a manifestação mais abundante, notável e espetacular deixada pelas populações pré-históricas. Reconhecer os nossos sítios arqueológicos é reafirmar a nossa história, valorizar nossa cultura e dar voz a pessoas do passado.

No Brasil, o estudo científico dos sítios arqueológicos teve início por volta de meados do século XX, em áreas de antigas ocupações humanas de Minas Gerais. A partir da década de 1970, iniciaram-se as pesquisas na região sudeste do Piauí, onde, até hoje, investigações arqueológicas são realizadas de maneira ininterrupta. As pesquisas arqueológicas não são prerrogativa brasileira. Elas ocorrem em todo o mundo. Em muitos países, geram uma importante fonte de desenvolvimento econômico e social, pelo surgimento de importantes centros turísticos. Atualmente, estão cadastrados no Iphan mais de 20 mil sítios arqueológicos em todo o território nacional.

No MS há muitos sítios arqueológicos interessantes tanto em pinturas quanto em gravuras.

Na região Norte do Estado de MS, o município de Alcinópolis, localizado a 300 km da Capital Campo Grande foi reconhecido através da lei estadual LEI Nº 4.306, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2012 como a “Capital Estadual da Arte Rupestre” de Mato Grosso dos Sul, publicada em diário oficial e sancionada pelo governador André Puccinelli.

Muitos estudos estão sendo realizados e descobertas de novos sítios têm sido amplamente divulgadas sejam em livros, nas mídias ou nas redes sociais.

Em recente livro publicado pela Editora da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) organizado pelo pesquisador Rodrigo Luiz Simas de Aguiar, denominado “Arte Rupestre em Mato Grosso do Sul” há informações importantíssimas para aqueles que desejarem conhecer mais sobre o assunto. O livro é a síntese do Projeto “Inventário, Avaliação, Proposição de Medidas de Conservação, Preservação, Divulgação e Gestão do Patrimônio Arqueológico de Arte Rupestre do Estado de Mato Grosso do Sul” que registrou 80 sítios arqueológicos, dispersos por diversos municípios de MS.

Aponta o estudo que mais da metade destes sítios estão na Região Norte conhecida no meio científico e cultural como “Rota Norte” onde Alcinópolis é a cidade detentora da maior concentração de sítios arqueológicos (a terça parte) num total de 24, sejam eles com pinturas, gravuras ou pinturas e gravuras. São 24 em Alcinópolis, 10 em Rio verde, 04 em Rio Negro, 02 em Costa Rica, 01 em Pedro Gomes, totalizando 41.

Além desses há ainda os sítios de três cidades próximas geograficamente como Chapadão do Sul que possui 06, Paraíso das Águas 01, Paranaíba 01 e Jaraguari 01, o que compreende 50 dos 80 sítios registrados.

Graças a esse relatório e de outros estudos também realizados pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acreditamos que Alcinópolis tem tudo para ser um polo científico de estudo da Arte Rupestre no Estado.

Pré-história, fascínio e espetáculo.

Em Alcinópolis há um rico patrimônio preservado. Considera-se que seja uma das cidades que mais possui, em seu território, pinturas rupestres no mundo e que por conta disso poderia receber milhares de turistas ao ano (só o Templo do Pilares possui cerca de duas mil) e que poderia também ser aproveitado para pesquisas, entre outras atividades. Aqui as cavernas, as grutas, os abrigos, as pedras soltas e os paredões têm registros da ocupação da população caçadora, coletora e pescadora e há um potencial para geração de emprego e renda com visitação aos sítios arqueológicos e eventos que poderão ser realizados sobre o tema no município, à exemplo de São Raimundo Nonato no Piauí que reuniu mais de 800 pessoas no “Global Rock Art” (Congresso Internacional de Arqueologia e Arte Rupestre), pesquisadores de mais de 40 países compareceram a esse evento.

Aqui o turista pode passar dias explorando as obras de arte espalhadas pelo Parque (o recomendável é que se reserve pelo menos quatro dias para percorrer a região, visto que os sítios estão a quilômetros de distância uns dos outros).

Poucos lugares no Brasil, e no planeta, colocam o visitante em contato tão próximo com a História da Terra e da Humanidade. Há paisagens maravilhosas, monumentos geológicos e pareidológicos interessantes, cânions, grutas, cavernas e o rico bioma do cerrado. São as pinturas, porém, que irão receber e encantar os visitantes.

Templo dos Pilares: O mais emblemático do MS

Em uma hora, o visitante consegue ir até o lugar mais famoso da área, onde é possível admirar testemunhos das populações caçadoras e coletoras que viveram na região: O Imponente “Templo dos Pilares”.

Em março de 2016 equipe da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) começou a um processo de escavação em Alcinópolis e desse trabalho inicial originou um livro intitulado “Templo dos Pilares – Alcinópolis” de autoria do Professor Rodrigo Luiz Simas Aguiar. No livro consta o resultado da escavação com informações importantes sobre os povos que habitavam essa região e que a ocupação mais recente corresponde a de povos ceramistas que empregavam o polimento para a confecção de alguns instrumentos. Confira o livro no link: http://www.do.ufgd.edu.br/rodrigoaguiar/Livro_templo_pilares_web.pdf

Uma maior participação do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul junto ao seu órgão de Turismo poderia ser um caminho para a melhoria do turismo da Região, haja vista, que os turistas ainda são realmente poucos e os atrativos, abundantes.

Quando ir: De novembro a maio, Alcinópolis vive sua estação das chuvas, o que faz a paisagem local florescer e ganhar uma cor verde intensa. Entre junho e julho, a paisagem adquire um aspecto outonal, com as folhas das árvores amareladas, e até outubro, no período da seca, o ambiente fica mais desértico. A região é quente durante todo o ano. Junho é o mês mais frio do ano, com temperatura média de 25º.

Lista dos 24 sítios arqueológicos encontrados no município de Alcinópolis:

01 - Templo dos Pilares

02 – Pata da Onça

03 – Arco da Pedra

04 - Barro Branco I

05 - Barro Branco II

06 - Barro Branco III

07 - Barro Branco IV

08 - Barro Branco V

09 - Barro Branco VI

10 - Barro Branco VII

11 - Gruta do Pitoco

12 - Pitoco II

13 - Pitoco III

14 - Casa da Pedra

15 – Limeira

16 - Arco do Limeira

17 - Painel do Sucupira

18 - Painel do Antropomorfo

19 - Tampa

20 -Duas Torres

21 - Caverna do Urutau

22 - Fazenda Fidalgo I

23 - Fazenda Fidalgo II

24 - Fazenda Fidalgo III

Tipos de Sítios:

Pintura (14):

Barro Branco II;

Barro Branco III;

Barro Branco IV;

Barro Branco V;

Barro Branco VI;

Pitoco III;

Casa da Pedra;

Arco do Limeira;

Painel do Sucupira;

Painel do Antropomorfo;

Tampa;

Duas Torres;

Caverna do Urutau;

Fazenda Fidalgo I.

Gravura (4):

Arco da Pedra;

Barro Branco VII;

Pitoco II;

Limeira.

Pintura e gravura (6):

Templo dos Pilares;

Pata da Onça;

Barro Branco I;

Gruta do Pitoco;

Fazenda Fidalgo II;

Fazenda Fidalgo III.

Conheça alguns dos sítios arqueológicos mais importantes do Brasil:

Sítios Arqueológicos do Parque Nacional Serra da Capivara (Patrimônio Mundial da UNESCO) - Pesquisa arqueológica: Pré-História Brasileira (pinturas rupestres e artefatos e vestígios pré-históricos)

Sítio Arqueológico Parque Nacional do Catimbau - Localização: Buíque, Tupanatinga e Ibimirim (Pernambuco) Pesquisa arqueológica: Pré-história (pinturas rupestres)

Sítios Arqueológicos de Inhazinha e Rodrigues Furtado - Localização: município de Perdizes na região do Triângulo Mineiro (Minas Gerais) Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (vestígios cerâmicos e líticos)

Sítio Arqueológico de Mangueiros - Localização: Macaíba (Rio Grande do Norte) Pesquisa arqueológica: Pré-história no Brasil (vestígios cerâmicos, microlascas e micrólitos)

Sítio Arqueológico Lapa Vermelha - Localização: Lagoa Santa e Pedro Leopoldo (Minas Gerais) Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira

Parque Arqueológico do Solstício - Localização: Calçoene (Amapá) Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (pinturas rupestres)

Sítio Arqueológico Pedra Pintada - Localização: Pacaraima (Roraima) Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (pintura rupestre, pedaços de cerâmicas, ferramentas e diversos artefatos)

Sítio Arqueológico São João Batista - Localização: Entre-Ijuís (Rio Grande do Sul) Pesquisa arqueológica: ruínas remanescentes da redução de São João Batista (fazia parte dos Sete Povos das Missões)

Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade - Localização: Apodi (Rio Grande do Norte) Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (arte rupestre)

 


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