Foi denunciado mais uma vez pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) o sargento da Polícia Militar, Ricardo Campos Figueiredo. Ex-agente de segurança velada do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Ricardo já foi denunciado por obstrução de Justiça ao destruir celulares durante operação Oiketikus, que desmantelou a “máfia do cigarro” no Estado.
Na segunda denúncia apresentada à Justiça pelo promotor Clóvis Amauri Smaniotto em 15 de junho, além de Ricardo, o policial da reserva Alli França Belchior também é denunciado.
Durante as buscas, os agentes encontraram o armamento enrolado em um pano dentro de um guarda-roupas. Por isso, o promotor ofereceu a denúncia pelos crimes de posse ilegal de arma de fogo e munições de uso restrito.
No pedido, Clóvis também solicita que perícia seja feita nas armas e indica duas testemunhas que acompanharam a operação e podem prestar depoimento no processo, que corre em sigilo e não pode ser consultado no sistema do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Conforme o Portal da Transparência do Governo do Estado, no mês passado o sargento teve salário de R$ 9,9 mil. Parte da remuneração, R$ 3,1 mil, foi referente aos serviços de segurança do governador.
A dispensa da função especial que exercia na governadoria se deu no último dia 10 deste mês de julho. A publicação de dispensa foi assinada pelo chefe da Casa Militar, coronel da PM Nelson Antônio da Silva.
Figueiredo foi preso no dia 16 de maio acusado de obstrução de Justiça e por porte ilegal de armas. Chegou a ser solto no dia 19, mas voltou à prisão no dia 24 de maio, quando o MP-MS (Ministério Público Estadual) recorreu e requereu a detenção, alegando que ele destruiu celulares enquanto agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriam mandado de busca e apreensão na residência do PM.
No dia 5 de junho, três pessoas, entre elas um promotor de justiça, uma policial civil e outro policial militar, testemunharam contra o sargento. Já no final do mês de junho, a defesa do sargento apresentou à justiça uma nova versão que poderia derrubar o argumento de obstrução, alegando que foi a esposa de Ricardo quem destruiu, por motivos particulares, os aparelhos celulares.
Nos autos da prisão, agentes que prenderam o PM afirmaram que ele teria se escondido no banheiro da casa e destruído celulares que usava para conversar com chefes, amigos, colegas e familiares. Os responsáveis pelo cumprimento do mandado na residência do sargento relataram inclusive terem ouvido os aparelhos sendo quebrados.
Ao todo, a Oiketicus prendeu 29 policiais militares, entre praças e oficiais, por supostamente integrarem esquema de contrabando de cigarro na região fronteiriça. Eles foram acusados dos crimes de corrupção passiva, cuja previsão de pena é 12 anos de prisão mais multa, e organização criminosa com pena de até 8 anos de reclusão.