29/10/2021 às 12h34min - Atualizada em 29/10/2021 às 12h34min

Após extinção de cargos, concursadas são realocadas em MS e demitidas, denuncia sindicato

Servidoras foram transferidas para trabalho 'braçal'

Renan Nucci
MIDIAMAX
REPRODUÇÃO DA MATÉRIA

Servidoras concursadas da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) foram demitidas por baixo desempenho, sem justa causa ou aviso prévio, depois de serem realocadas para trabalho braçal. Ou seja, elas haviam sido aprovadas para o cargo de agente de tratamento de esgoto, que foi extinto, e acabaram transferidas para a função de agente operacional, para realizar serviços de manutenção de rede e ligações, entre outros.

Segundo Lázaro de Godoy Neto, presidente do Sindágua-MS (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviço de Esgotos no Estado De Mato Grosso Do Sul), as duas servidoras de Aparecida do Taboado fazem parte de um grupo de aproximadamente 140 trabalhadores que foram aprovados no concurso público realizado em 2014, para o cargo de agentes de tratamento de esgoto.

No entanto, em razão de recente PPP (Parceria Público-Privada) firmada pela Sanesul, o referido cargo foi extinto como consequência da subdelegação de tarefas, motivo pelo qual os agentes ficaram na linha de demissão. Por 'pressão' do sindicato, a empresa se comprometeu em fazer um acordo para garantir a manutenção dos empregos. Tal acordo consistia na oportunidade de permanência exercendo outra função, desligamento incentivado ou então concurso interno.

No entanto, segundo Lázaro, na prática a medida foi unilateral, uma vez que obrigava os trabalhadores que quisessem continuar a aceitar qualquer atribuição. “Foi unilateral, não houve uma análise individual para realocar os servidores na função mais adequada”, disse. Assim, as duas servidoras, uma delas aprovada em primeiro lugar e a outra em sexto lugar, foram encaminhadas para outro setor, para trabalho “pesado operacional na rua”.

Neste sentido, uma delas afirmou que foi notificada que seria transferida e que pelo prazo de seis meses, seria avaliada por seus superiores. Ocorre que, conforme apresentado por ela na defesa administrativa contra a demissão, não houve consulta prévia, tampouco foi disponibilizado treinamento para ambientação e familiaridade com a nova função. Além disso, informou que mesmo assim, manteve a mesma dedicação e comprometimento para com as atividades.

“[...] a referida adequação, efetivada por iniciativa unilateral da empresa para cargo diverso daquele em que obtida a aprovação via concurso público, se deu sem uma efetiva formação ou treinamento capaz de permitir tal exigência de desempenho, avaliação psicológica, médica, o que se torna ainda mais inviabilizada, além de desarrazoada e desproporcional, qualquer tentativa de fazer com que eventual insuficiência seja minha total e exclusiva culpa”, disse a trabalhadora.

“Com o máximo respeito, mas não é possível concordar com a alegação de insuficiência de desempenho, na medida em que permaneço atuando com dedicação, zelo e muito esforço, visando o melhor aproveitamento desta readequação de cargo e função”, pontuou ela. O presidente do sindicato afirma que o entendimento é de que a empresa esteja criando situações vexatórias aos trabalhadores, para que os mesmos naturalmente peçam demissão ou então acabem sendo desligados por eventual “baixo rendimento”. “Tem trabalhador que era de Corumbá e foi realocado em Três Lagoas, em outra função. Gente de Naviraí que foi para Sete Quedas e se viu obrigada a ficar longe da família”, ressaltou.

O sindicalista alega ainda que a Sanesul decidiu contratar os 140 aprovados na tentativa de driblar a Justiça do Trabalho, uma vez que já era de conhecimento que a PPP estava em andamento e que os cargos de agente de tratamento de esgoto em breve seriam extintos. “Estas duas trabalhadoras demitidas podem representar o começo de mais demissões. Entramos com a defesa delas e acionamos a Justiça”, pontuou Lázaro.

A equipe de reportagem entrou em contato com a Sanesul por meio da assessoria de imprensa, mas até o momento não obteve resposta. O espaço segue aberto.


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