11/09/2017 às 08h45min - Atualizada em 11/09/2017 às 08h45min

Após crise de choro e depressão Geddel pode entregar cúmplices

Crise de choro agrava risco de uma delação premiada de Geddel contra Michel Temer e o núcleo do PMDB.

CORREIO DO BRASIL
Foto: Divulgação.

O hoje presidiário, ex-assessor, amigo pessoal do presidente de facto, Michel Temer, há mais de 30 anos e ex-deputado pela Bahia Geddel Vieira Lima (PMDB) integrava a cúpula de poder no partido junto com os atuais presidiários Henrique Alves e Eduardo Cunha. Seu temperamento volátil e bipolar sempre marcou sua passagem nos cargos para os quais foi nomeado.

Horas após ser preso e conduzido a Brasília, Geddel chorou copiosamente durante o interrogatório.

— Seus nervos estão em frangalhos — comentou um dos policiais federais próximo aos acontecimentos.

A crise de choro e o estado de depressão em que o preso se encontra são os sinais mais evidentes de que a proposta de uma delação premiada será aceita, caso a força-tarefa da Operação Lava Jato conclua que este procedimento será útil ao processo. Geddel conviveu, ao longo dos anos, ao lado de outros assessores de Temer. Entre eles, o secretário de Governo, Wellington Moreira Franco, e o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Despiste

Dificilmente, acrescentou o policial federal, “ele (Geddel) resistirá a uma pressão maior por parte dos interrogadores”. Este é o fato que mais pesa, na análise de seus cúmplices nos crimes cometidos, para que ele ceda à pressão para se tornar um delator.

Embora sua ligação com Temer seja evidente, ao longo de décadas, os principais aliados do Planalto tentavam, neste domingo, desvincular a proximidade deste a Geddel. Os parlamentares ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, ao longo do dia, tentavam acalmar os aliados. Disseram que a possível segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer não deverá ser aceita.

Líder da maioria na Câmara, o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) declarou que a prisão do ex-colega é uma “consequência” por seus atos. Já Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais defensores do presidiário Eduardo Cunha, tentou disfarçar o elo entre Geddel e Temer. Ele resumiu a proximidade de ambos ao fato de que Geddel integrou a equipe presidencial por um curto espaço de tempo. Segundo Marum, “aconteceu o que tinha que acontecer”. 

Treliches

Na linha de tiro, porém, ao menos um deputado deverá ser excluído da base parlamentar de apoio ao Planalto. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, foi implicado no escândalo das malas cheias de dinheiro, encontradas em um apartamento em Salvador.

Parte do dinheiro apreendido, segundo avaliam as fontes que falaram ao CdB, por telefone neste domingo, seria usado em ações que beneficiariam, diretamente, a cúpula do governo Temer. Uma vez comprovado, este fato será decisivo para embaraçar o peemedebista, alvo de uma segunda denúncia da PGR.

De volta à Penitenciária da Papuda após 58 dias, Geddel ocupa uma cela para presos com nível superior de instrução. Outros nove detentos dividem o espaço com o ex-deputado.

Em Salvador, Geddel morava em um apartamento de mais de 800 metros quadrados. O condomínio de luxo dispõe de academia de ginástica, piscina, sauna e demais equipamentos. O xadrez em que está encarcerado, agora, dispõe de três treliches, vaso sanitário aberto e chuveiro elétrico.


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