O ex-deputado baiano Geddel Vieira Lima (PMDB), preso desde a semana passada pela Polícia Federal (PF), disse a interlocutores que pedirá seu afastamento do PMDB nas próximas horas. Segundo analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, este seria o sinal mais forte de que o ex-assessor de Michel Temer pretende fazer uma delação premiada contra o outrora amigo pessoal.
A tendência da cúpula da legenda é aceitar o pedido de afastamento, assim que chegar ao Diretório Nacional da legenda. Geddel ainda ocupava o posto de primeiro-secretário da direção nacional do PMDB e a Presidência do partido, na Bahia. O pedido de afastamento é uma estratégia para tentar minimizar a crise aberta pela prisão de Geddel. A Polícia Federal (PF) encontrou R$ 51 milhões escondidos em um apartamento de Salvador ligado ao ex-assessor de Temer.
Desde a prisão do ex-ministro, a cúpula do PMDB tem evitado fazer a defesa do correligionário. Geddel, sempre muito emotivo, estaria se sentindo abandonado por seus correligionários. Nas declarações dos principais líderes do partido, os acusados envolvidos em desvios e irregularidades devem “responder sozinhos pelas suspeitas” contra eles.
Troco
A PF ainda procura por mais recursos do acusado de desviar dinheiro público, nos diversos cargos que ocupou. Dificilmente, sem fazer uma delação premiada, conseguirá obter parte de seu patrimônio de volta, a exemplo do que ocorreu com o operador de propinas da Petrobras, Zwi Skornicki.
Nesta quarta-feira, o juiz federal Sérgio Moro autorizou a devolução definitiva de bens de propriedade do delator da Lava Jato. Ele é apontado como um dos principais envolvidos na roubalheira ocorrida na estatal brasileira de petróleo. Com a decisão de Moro, Skornicki recuperou cinco carros de luxo (três BMW, uma Mercedes e um Mini Cooper), uma lancha, dois botes salva-vidas; além de relógios e joias.
Em fevereiro, Moro já havia liberado os bens de forma provisória, sob a forma de depósito. Na época, o delator havia se comprometido a repatriar cerca de US$ 5,6 milhões. O dinheiro estava depositado em contas nos EUA. Os valores mantidos na Suíça, porém, deverão ser repatriados pelo Ministério Público Federal (MPF).
“Tendo em vista que o colaborador cumpriu com a sua parcela de obrigação referente à internalização dos valores mantidos nos Estados Unidos da América, determinei a restituição de valores excedentes que remanesciam indisponíveis a Zwi Skornicki. O mesmo aplica-se aqui, para a devolução dos demais bens”, destacou Moro em sua decisão.