O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) presta depoimento nesta segunda-feira à Polícia Federal e ao Ministério Público nas dependências da Superintendência da PF em Brasilia. Um policial e dois membros do MP participam do interrogatório.
O ex-líder do governo no Senado foi preso na quarta-feira e está sendo investigado por tentar atrapalhar o andamento da Lava Jato ao oferecer vantagens ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não participasse da delação premiada oferecida pela Justiça.
O petista foi citado por Cerveró, que o acusou de participar de um esquema de desvio de recursos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
O senador foi levado para a sede da Polícia Federal em Curitiba.
STF
Ontem, o advogado do senador disse estar inconformado com a decisão da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) de referendar a prisão do parlamentar. De acordo com Maurício Silva Leite, a Constituição não autoriza a prisão processual de um congressista. Em nota à imprensa, Leite disse que tem convicção de que a decisão será revista e questionou a credibilidade do depoimento do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, delator que, segundo o advogado, já foi condenado e que, há muito tempo, vem tentando obter favores legais com o oferecimento de informações.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) usou depoimentos da delação premiada de Nestor Cerveró e do filho dele, Bernardo Cerveró, para pedir a prisão do senador; de André Esteves, dono do Banco BTG Pactual; do ex-advogado de Cerveró Edson Ribeiro, e do chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira.
Em um trecho do documento enviado pela PGR ao STF, a Procuradoria afirma que Delcídio ofereceu dinheiro para evitar a citação de seu nome nas investigações. “O senador Delcídio Amaral ofereceu a Bernardo Cerveró auxílio financeiro, no importe mínimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais, destinado à família de Nestor Cerveró, bem como prometeu intercessão política junto ao Poder Judiciário em favor de sua liberdade, para que ele não entabulasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”, diz a PGR.
Senado
Após a decisão do Supremo, o plenário do Senado decidiu pela permanência de Delcídio da prisão. Em votação aberta, 59 senadores votaram pela manutenção na prisão. Por se tratar de um senador da República, a manutenção da prisão precisava ser decidida em sessão do plenário da Casa, por maioria dos membros – 41 senadores.