07/12/2015 às 17h20min - Atualizada em 07/12/2015 às 17h20min

De funcionário de Olacyr de Morais a empresário influente: a trajetória de Bumlai

CORREIO DO ESTADO
Bumlai era amigo íntimo e uma das pessoas mais influentes no governo Lula (Foto: Reprodução)

Preso no dia 24 de novembro no contexto da operação Lava Jato - que investiga corrupção na Petrobras -, José Carlos Bumlai, conhecido pela amizade com o ex-presidente Lula, começou sua carreira trabalhando como um dos executivos do grupo comandado por Olacyr de Moraes, sojicultor, usineiro, banqueiro (antigo Banco Itamarati) e dono de empreiteira de obras, a Constran, conhecido na época como "Rei da Soja". Na época, Bumlai tocava a Mape-Constran em Mato Grosso do Sul.

Olacyr era tido como um empresário visionário e iniciou empreendimentos ousados, como a Ferronorte (hoje ALL), cujo projeto é ligar Mato Grosso a São Paulo e os trilhos já chegaram a Rondonópolis.

Quando  era executivo do Grupo Itamarati/ Constran, o hoje pecuarista José Carlos Bumlai era uma figura ainda pacata, mas que se tornou um dos empresários mais influentes da República, graças a amizade que construiu com o ex-presidente Lula, o qual conheceu por intermédio do ex-governador de MS, Zeca do PT.

Lula gravou um programa na fazenda Cristo Rei, do pecuarista em Rio Brilhante (MS) e o transformou em conselheiro/interlocutor para assuntos relacionados ao agronegócio. A propriedade foi vendida depois para o banqueiro André Esteves, preso um dia depois de Bumlai. Segundo as investigações, Esteves estaria envolvido no plano de fuga do ex-presidente da Petrobras, Nestor Cerveró, sugerido pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso também nesta semana pela Lava Jato.

Com isso, a amizade entre Bumlai e Lula se tornou estreita e fez de Bumlai "mais influente que Delcídio e Zeca", fato comentado entre produtores rurais e confirmado pelo presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonatan Pereira Barbosa, apontado como amigo de Bumlai.

O pecuarista viu seus negócios deslancharem durante o governo Lula. Em 2005, ele negociou uma de suas fazendas, a São Gabriel, com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A propriedade foi vendida por R$ 20,6 milhões, enquanto ele havia pago R$ 2 milhões na mesma fazenda dois anos antes.
 
Para o Ministério Público Federal, o valor justo era de R$ 13,3 milhões e um laudo pericial falso garantiu o pagamento do montante, apesar da Justiça ter tentado suspender o pagamento. Os peritos que elaboraram o laudo estão sendo processados.

Anos mais tarde, Bumlai decidiu entrar no setor sucroalcooleiro com a usina São Fernando, em Dourados. Segundo o presidente da Acrissul, o investimento foi feito por insistência de Lula.
 
"Quando o Lula estava saindo do governo, convenceu o Bumlai de que o etanol seria negócio do futuro. Ele entrou, com o piloto Emerson Fittipaldi e uma parte do Grupo Bertin. O álcool começou a dar para trás e, primeiro o Emerson, depois os Bertin, saíram do negócio. Ele teve de comprar a parte dos outros e não se recuperou", conta o pecuarista Jonathan.
 
Para salvar a usina, Bumlai vendeu a Cristo Rei, mas o dinheiro não conseguiu impedir que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entrasse com pedido de falência da usina.


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