22/06/2017 às 23h58min - Atualizada em 22/06/2017 às 23h58min

Tirar Fachin de relatoria e rever acordos de delação é 'salto triplo mortal', diz Janot

PGR defendeu manutenção de ministro como relator da delação da JBS por entender que fatos têm relação com a Lava Jato; julgamento foi interrompido e será retomado nesta quinta.

G1 Brasília
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Responsável pelo acordo de delação da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu nesta quarta-feira (21), durante julgamento no Supremo Tribunal Federal, a manutenção da relatoria do caso com o ministro Edson Fachin e também dos benefícios pactuados com os donos da empresa em troca da delação premiada.

O STF começou nesta quarta a decidir se Fachin, relator da Operação Lava Jato, permanecerá como relator do caso da JBS. O julgamento é motivado por uma ação do governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB).

No pedido, o governador defende que ao menos parte das investigações baseadas nas delações da JBS seja sorteada para outros ministros porque não teriam relação com a Lava Jato.

Após o voto de dois ministros – o próprio Fachin e Alexandre de Moraes –, o julgamento foi interrompido. Será retomado nesta quinta, segundo informou a presidente do STF, Cármen Lúcia. Faltam os votos dos outros nove ministros.

Para Janot, retirar de Fachin as delações da JBS e rever os benefícios negociados com os delatores seria um “salto triplo mortal de costas”.

O procurador-geral sustentou que os casos trazidos pelos delatores guardam relação com a Operação Lava Jato por revelarem desvios de dinheiro de diversos órgãos públicos.

“Os fatos trazidos com indicativo de prova envolvem nada mais, nada menos, que os três últimos presidentes da República. Os fatos trazidos com indício de prova dão conta que o dinheiro que irrigou os ilícitos, que pagou a propina é dinheiro público, não é dinheiro privado, que veio de contratos com o serviço público, com Petrobras, com Fundo de Investimento do FGTS, BNDES e tantos outros que se entrelaçam nesses fatos todos em apuração”, destacou.

O procurador também disse que o Ministério Público, do qual é chefe, não poderia recusar o acordo oferecido pelos irmãos Batista, pois revelavam crimes que estavam acontecendo no momento.

 

“Os crimes estavam em curso, tanto é que alguns deles foram pilhados por ação controlada. Como se pode recusar um acordo quando se tem conhecimento de crimes em curso por altas autoridades da República, porque a premiação seria alta, média ou baixa? Teria o Ministério Público condição de recusar e permitir que essas autoridades continuassem a cometer o crime porque a premiação deveria ter sido essa ou aquela?”, disse.

Ele lembrou que, assim como os donos da JBS, outros seis colaboradores da Lava Jato obtiveram o benefício de não serem denunciados sem qualquer questionamento judicial.

A revisão do acordo, argumentou, traria insegurança jurídica para os novos delatores. “A mensagem que se passa é o Ministério Público ao acordar, pode, mas não muito. O MP pode acordar, mas não cumprir”, afirmou.

 
 
 
 
 

 


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