12/12/2017 às 08h29min - Atualizada em 12/12/2017 às 08h29min

Marum ‘paga mico’ ao defender votação da Previdência este ano

Para não ficar completamente desarmado, Marun, que tomará posse como ministro responsável pela articulação política do governo na quinta-feira, reconheceu que se não conseguir votar a reforma da Previdência na Câmara na próxima semana será uma derrota do governo.

CORREIO DO BRASIL
Marum, aliado do hoje presidiário Eduardo Cunha (PMDB-RJ), busca aprovar a reforma de Previdência

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), indicado como ministro da Secretaria de Governo pelo presidente Michel Temer, ainda não assumiu o cargo, mas já começa ‘pagando mico’, dizem colegas dele, ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil. No melhor estilo daquela ‘dancinha’, com a música não autorizada do compositor Benito di Paula, Marum disse, nesta segunda-feira, que ainda iria buscar “entre 40 e 50 votos favoráveis à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência”.

Para não ficar completamente desarmado, Marun, que tomará posse como ministro responsável pela articulação política do governo na quinta-feira, reconheceu que se não conseguir votar a reforma na Câmara na próxima semana será uma derrota do governo. Mas afirmou que isso implicará perder uma batalha, “mas não a guerra”, disse a jornalistas.

Em pauta

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por sua vez, disse nesta manhã que é “difícil” votar a reforma da Previdência na Casa na semana que vem. Ele afirmou que pautará a proposta apenas caso existam garantias “muito claras” de que ela será aprovada pelos deputados.

Maia voltou a dizer a jornalistas, após reunião na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que está pessoalmente empenhado em transformar votos atualmente contrários à reforma em favoráveis e disse que trabalhará para que a medida seja aprovada na Casa ainda neste ano. Ao mesmo tempo, disse que, caso não seja possível votá-la em 2017, a reforma da Previdência não sairá da pauta do país.

O presidente de facto, Michel Temer, também admitiu, na véspera, a possibilidade de a reforma da Previdência ser votada somente em 2018 na Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo que afirmou acreditar que será “possível” aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata do assunto ainda neste ano na Casa.

Ano que vem

Em Buenos Aires, onde participou de reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), Temer disse a jornalistas que, caso não seja possível aprovar a medida na Câmara ainda neste ano, a PEC da reforma não vai parar e será votada em 2018.

— Eu suponho que talvez seja possível (votar neste ano); mas se não for, nós vamos encerrar a discussão ainda neste ano. E esta matéria da Previdência não vai parar. Se não for neste ano, será no início do ano que vem — disse o peemedebista.

Temer disse ainda que a reforma “vai muito bem”. E afirmou que a discussão da matéria na Câmara, um procedimento regimental que antecede sua votação; deve começar na quarta-feira desta semana para que na terça-feira da próxima semana exista a possibilidade de votar a PEC.

Na semana passada, Temer havia dito que não cogitava a possibilidade de a análise da PEC da Previdência pelos deputados ficar para 2018.

O governo tem trabalhado para conseguir votos para aprovar a PEC na Câmara. São necessários os votos de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação; para que a Câmara aprove a reforme e a encaminhe para o Senado.

Tucanos rebeldes

Mesmo o novo presidente do PSDB, governador Geraldo Alckmin, já enfrenta resistências internas. Não há ambiente para cumprir seu primeiro desafio político; ou seja, convencer toda a bancada da Câmara a apoiar a reforma da Previdência. A discussão sobre o tema esta1 marcada para esta semana. A votação segue prevista na próxima semana. Parte dos deputados rejeita uma eventual imposição da Executiva Nacional da legenda. Menos ainda qualquer punição, caso votem contra as mudanças nas regras da aposentadoria.

A direção tucana ainda não decidiu sobre o tema. O governador de São Paulo, pré-candidato à Presidência da República em 2018, surpreendeu até mesmo aliados. Ele defendeu essa proposta, publicamente; após a convenção na qual foi eleito, no sábado, em Brasília. Seu gesto, associado aos elogios à agenda de reformas e à política econômica do governo Michel Temer, foi bem recebido pelo Palácio do Planalto e pode abrir uma janela de negociação com o PMDB para a próxima eleição.

Segundo o governador Marconi Perillo (GO), primeiro-vice-presidente do PSDB também recém-eleito, o governo vai precisar liberar recursos. Novamente, por meio de emendas aos parlamentares, para conseguir aprovar a reforma. Os líderes do PSDB terão dificuldades, porém, para unificar a bancada em torno do fechamento de questão – quando a bancada deve votar em bloco pelo apoio ou pela rejeição de uma proposta, sob risco de punição, desde a advertência até a expulsão. 


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