Preso desde o dia 20 de julho, o ex-governador André Puccinelli (MDB) manifestou-se oficialmente neste domingo (23) nas redes sociais, pedindo votos para o ex-senador Delcídio do Amaral (PTC), que teve a sua candidatura ao Senado impugnada. Foi a primeira postagem nas redes sociais atribuída ao ex-chefe do Executivo.
Em post publicado no Facebook, André também tenta trasnferir votos ao candidato do MDB ao governo, Junior Mochi, pede apoio ao amigo e candidato do partido ao Senado, Waldemir Moka.
"Tiraram o direito de escolha do povo em votar em mim, mas eu digo, os candidatos que me representam: Junior Mochi, Senador Moka e Delcídio do Amaral. Votando nesses candidatos, vocês estarão defendendo o meu legado e meu nome", destaca.
Em 2006, Puccinelli chegou ao seu primeiro mandato como governador ao derrotar o próprio Delcídio, ainda no PT, no primeiro turno.
O MPE (Ministério Público Eleitoral) impugnou na sexta-feira a candidatura de Delcídio do Amaral ao Senado. O parecer da PRE (Procuradoria Regional Eleitoral) considerou a cassação do mandato do senador por quebra de decoro parlamentar, ainda em maio de 2016, e que o impedia de concorrer as eleições, nos termos da inelegibilidade.
Na impugnação, o MP Eleitoral requer, além do indeferimento da candidatura, que o candidato também seja impedido de participar do horário eleitoral gratuito, de receber recursos do fundo partidário ou do fundo de financiamento de campanha e que devolva os recursos que já tenha recebido, tudo isso sob pena de multa diária.
A ação proposta pela PRE será julgada pelo TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), que poderá autorizar ou não a candidatura após intimar o candidato para apresentar sua defesa. No sábado, Delcídio afirmou em nota que tomou "medidas judiciais cabíveis" contra a impugnação e que seguirá com a campanha.
"Deixamos claro que a impugnação contraria a própria normativa eleitoral, pois o candidato foi inocentado e pode concorrer às eleições até o último recurso ser julgado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral)", se defende.
Puccinelli completou dois meses na prisão e sem perspectiva de ter novo pedido de liberdade analisado pela Justiça. Ele, o filho André Puccinelli Júnior e o advogado João Paulo Calves foram alvos da 5ª fase da Operação Papiros de Lama. A prisão fez Puccinelli sair da disputa pelo governo do Estado. Simone Tebet havia sido escolhida pelo ex-governador, mas alegou motivos particulares e também deixou a disputa, abrindo espaço para o presidente da Assembleia Legislativa Junior Mochi.
Depois de prender Puccinelli, Júnior, Calves e ainda o também advogado Jodascil Gonçalves Lopes em novembro do ano passado, a PF (Polícia Federal) voltou às ruas no dia 20 de julho.
O ponto de união entre os três primeiros é o Instituto Ícone, apontado como “poupança de propina”. De forma resumida, a acusação é de que o dinheiro da propina destinada ao ex-governador era repassado ao instituto, que apesar de superavitário, não remunerava com mesmo vigor financeiro Calves, seu único dono no papel.
Para a Lama Asfáltica, o verdadeiro proprietário era Puccinelli Júnior, que tinha procuração com poderes para “todos os atos que se fizerem necessário”. A ocultação de documentos numa quitinete em Indubrasil também foi usada como argumento para a prisão.
Puccinelli e o filho, que abriu mão do direito à cela especial para advogados, estão presos na cela 17 do Centro de Triagem Anízio Lima. Já Calves está no Presídio Militar. As duas unidades ficam no Complexo Penal de Campo Grande.